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Publicado em número 118

A morte como crise-decisão definitiva

Por Roque Frangiotti

O que é realmente a morte? A maioria absoluta das pessoas vai definir a morte como “o findar da vida” ou um “simples deixar de existir” ou ainda “partir para a melhor”, para os mais otimistas. Mas em que consiste propriamente o ato de morrer? Será um simples desligar a alma do corpo? Ou será um momento de suprema importância para o qual nos devemos preparar ao longo dos nossos dias? Quem será nosso modelo? Sócrates ou Jesus? São estas as questões que tentaremos estudar neste artigo.

I. INTRODUÇÃO

O tema fundamental da antropologia filosófica é este: “conhece-te a ti mesmo”. A antropologia filosófica é a reflexão sobre si, esforço que o homem faz para chegar a se conhecer, a se compreender. Mas não é necessário que o homem chegue à condição de filósofo, de sábio, para conhecer-se finito, limitado e condenado à morte. Qualquer que seja sua condição social, qualquer que seja o degrau que o homem ocupa nos escalões da sociedade, qualquer que seja o seu grau de instrução, ele chega, ainda bem cedo, à conclusão de que deve morrer. Essa é uma certeza fria que o apavora, mesmo que ele leve uma vida miserável.

A Sociedade evolui, os costumes mudam. Inventam-se modas. Criam-se novas técnicas de comunicação, de produção. As ciências médicas descobrem continuamente novos remédios, novas técnicas cirúrgicas, e conseguem prolongar a vida de certos indivíduos por dias, meses e até mesmo por anos. Contudo, o homem tem certeza de que nada, nenhuma técnica ou remédio o fará imortal, neste mundo. Apesar de todo avanço tecnológico e científico, o homem afinal continua a se interrogar sobre o sentido de sua vida, principalmente quando a morte atravessa seu caminho na pessoa de um amigo, de um parente ou de uma pessoa de grande vulto. Então o homem, tocado pelo pessimismo, pode se perguntar do valor dessas conquistas. Assim face à morte, o enigma da condição humana continua imenso.

São raros aqueles que a morte não apavora. Se o homem atual quebrou muitos tabus, em relação ao sexo, às tradições religiosas, parece-nos que a morte continua sendo para ele um tabu.

O homem atual, modernizado, aceita falar sobre sexo e relações sexuais, com seus filhos, discutir com eles seu segundo ou terceiro casamento, ou mesmo suas ligações amorosas, mas jamais será capaz de levar avante uma conversa sobre a morte.

Dá-nos a impressão de que para encobrir o terrificante da morte, a sociedade criou expressões de tom jocoso que procuram dissimular a realidade. Expressões como “bater as botas”, “esticar as canelas”, “abotoar o paletó”, “botar terno de madeira”, servem para disfarçar e desviar a atenção do homem diante da morte.

A imaginação popular e a criação artística nos legaram representações da morte como figuras horripilantes. Essas representações transmitem mais ameaça e terror que o próprio demônio. Uma caveira esbranquiçada, um esqueleto revestido de capa preta, alfange às costas, são as representações mais comuns.

À morte está ligado tudo o que não presta ou que é indesejável. Assim, empregam-se expressões como “de má morte” para designar o indivíduo de má índole, de mau caráter, ruim. A expressão “ser da morte” designa o indivíduo ou coisa impossível de ser suportado, e para se ponderar a suma fealdade de alguém ou de algum objeto se diz “mais feio do que a morte”.

II. A RESPOSTA DA FILOSOFIA

A morte é, no fundo, o tema central na história religiosa dos povos e o motivo que inspirou a filosofia, segundo Schopenhauer.

O pensamento cristão da morte se confrontou, continuamente, com várias soluções dadas pelas diversas filosofias e religiões.

1. A insignificância da morte

Para Heráclito, filósofo grego do século V a.C., cuja filosofia tem como fundamento o princípio de porvir incessante das coisas, expresso no famoso fragmento 91: “Não é possível entrar duas vezes na mesma água do rio, nem tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado; pela velocidade do movimento, tudo se dispersa e se recompõe novamente, tudo vai e vem”.

A vida do indivíduo se dissolve na vida do tudo. A morte do homem vale tanto quanto a morte de qualquer inseto. Ela não representa mais que um momento no ritmo do universo, que condiciona a perpétua renovação da Vida Cósmica. Assim, para Heráclito, é sábio o homem que aceita as leis da natureza com impossível serenidade. O sábio não teme a morte porque a morte não é nada, pois “quando estamos nós, a morte não está, e quando está a morte, não estamos nós”[1].A morte não representa, para ele, um momento de crise, um processo de julgamento, uma decisão. Talvez, possamos unir aqui o pensamento de Wittgenstein que dizia: “A morte não é um acontecimento da vida: não se vive a morte”[2]. Parece-nos que é esse também o pensamento de Jean Paul Sartre: “A morte é um puro fato, como nascimento; ela vem a nós do exterior e nos transforma em exterioridade. No fundo, ela não se distingue de modo algum do nascimento e é a identidade do nascimento e da morte que nós chamamos facticidade”[3].

Segundo estas concepções, a morte não concerne propriamente à existência. Se ela perde a dramaticidade e o terror, perde também toda dimensão significativa. Ela se esvazia. A morte “não oferece nada para realizar o homem nada que possa ser como realidade atual. Ela é a possibilidade de impossibilidade de toda relação, de todo existir”[4].

Do ponto de vista cristão, essa maneira de conceber a morte pode ser considerada como absurda, como irracional, pois ela perde toda dimensão soteriológica e escatológica. Ela é apenas “uma nulificação sempre, possível dos meus possíveis, nulificação que está fora das minhas possibilidades”[5].

2. A morte reducionista

Foi Marco Aurélio quem deixou, em suas Meditações VI, 24, esta frase onde se expressa a igualdade a que são reduzidos todos os homens perante a morte: “Alexandre da Macedônia e seu arrieiro igualaram-se na morte, porque ou foram recolhidos pelas mesmas razões seminais do mundo, ou se dissiparam de modo igual no seio dos átomos”[6].

Não é outro o pensamento de Shakespeare que se coloca, também ele, dentro dessa economia geral da natureza. De fato, em Hamlet, ato V, cena I, se lê: “Alexandre morreu, Alexandre foi sepultado, Alexandre voltou ao pó. O pó é terra e com a terra se faz a argila, e por que aquela argila na qual ele foi transformado não poderia tornar-se uma tampa para um barril de cerveja?”.

Para aqueles que pensam como Marco Aurélio ou Shakespeare, a morte só tem essa função niveladora de reduzir todos os homens a um denominador comum: o pó. Ela não aparece significativa para o homem de modo a exigir dele um empenho como momento de decisão. Ela não é nem mesmo uma “situação limite”. Ela é um fato natural que endereça todos os homens, ricos ou pobres, nobres ou plebeus, a um destino comum: o nada do pó.

3. A morte como libertação da alma

Uma corrente filosófica que muito influenciou o cristianismo, também nesta questão da morte, foi o platonismo. Pode-se afirmar que o platonismo concebe a morte como o início de um ciclo de vida. Admitindo como pressuposto fundamental a imortalidade da alma, a morte é definida por Platão como a separação do corpo[7].Com esta separação dos dois elementos que, neste mundo, constituem o homem, inicia-se, para a alma, um novo ciclo de vida.

Platão entende a morte como uma libertação suprema, a catarse definitiva da impureza corpórea[8]. É a resolução de uma crise que diz respeito ao homem como ser composto. A alma, incorruptível por natureza, é destina a retornar ao mundo real. O corpo, elemento material, é votado à dissolução.

A morte aparece então como um bem para a alma que tem a oportunidade de se libertar deste cárcere que é o corpo. Se a alma é imortal, então a morte é um grande benefício para o homem que tem sua alma livre para exercer plenamente suas atividades sem as amarras do corpo. Neste caso, a morte produz um repouso ou cessação dos cuidados da vida. Sendo assim, sábio é aquele que, pelo hábito de filosofar, liberta sua alma das paixões do corpo. O filósofo está à procura da verdade, mas enquanto está no corpo, a alma sofre com as “paixões, amores, temores e imaginações de toda parte” de tal modo que ele não pode possuir completamente o objeto procurado[9].O filósofo só conseguirá a verdadeira sabedoria quando estiver morto, “porque neste momento a alma, separada do corpo, existirá em si mesma e por si mesma”[10].É nessa separação que consiste a perfeita purificação da alma[11].

Platão faz Sócrates interrogar seu discípulo Símias, nestes termos, para definir a morte: “Ter a alma desligada e posta à parte do corpo, não é esse o sentido exato da palavra ‘morte’? (…) E os que mais desejam essa separação, (…) não são aqueles que (…) se dedicam à filosofia? O exercício próprio dos filósofos não é precisamente libertar a alma e afastá-la do corpo?”[12].Assim, a morte não é “nada mais do que a separação da alma e do corpo, não é? Estar morto consiste nisto: apartado da alma e separado dela, o corpo isolado em si mesmo; a alma, por sua vez, apartada do corpo e separada dele, isolada em si mesma”.

Assim, o empenho fundamental do filósofo é o de se preparar para morrer, segundo Sócrates. Por essa razão, Sócrates não é capaz de compreender que um homem que se preparou a vida inteira para morrer, trema ou se irrite quando lhe chega o momento de morrer. Para ele “o homem que realmente consagrou sua vida à filosofia é senhor da legítima convicção no momento da morte, possui esperança de ir encontrar para si, no além, excelentes bens quando estiver morto”[13]. Por essa razão, Sócrates tomou cicuta com a maior tranquilidade e repreendeu seus discípulos que ao vê-lo tragar o veneno, puseram-se a chorar. Desse modo, sua morte passou para a história como morte exemplar. Mas, qual é seu valor de exemplaridade? Será realmente exemplar a morte de Sócrates?

III. A RESPOSTA CRISTÃ

Num primeiro momento, quando comparamos a morte de Sócrates com a de Jesus, temos a impressão que Sócrates foi bem mais corajoso, realista e estava bem mais preparado para morrer.

1. Como Sócrates se preparou para a morte?

Condenado a tomar cicuta, no dia de sua morte, Sócrates se entretém, em diálogos com seus discípulos sobre a essência do ato de filosofar, sobre a morte e a imortalidade da alma. Depois de se ter banhado, despede-se de seus filhos, da mulher, e fica a sós com seus discípulos. Tendo sido instruído sobre o modo de tomar o veneno, fazendo ainda alguma ironia, sem se comover, sem tremer, sem alterações, tendo orado aos deuses para que se realizasse de modo feliz essa mudança de residência, de bom humor esvaziou a taça de cicuta[14].

2. Jesus diante da morte

Sentindo aproximar-se o momento de sua morte, Jesus, após celebrar a páscoa com seus discípulos, dirige-se ao monte das Oliveiras levando consigo Pedro, Tiago e João. Ali, em oração, “começa a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: ‘A minha alma está triste até a morte’: (…), prostrou-se com o rosto em terra e orou: ‘Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres’ (…)”, pedido que ele vai repetir ainda por mais duas vezes seguidas (cf. Mt 26,36-46).

A Bíblia de Jerusalém chama a atenção em nota a Mt 26,39 sobre o seguinte: “Jesus sente em toda a sua força o pavor que a morte inspira ao homem; experimenta e exprime o desejo natural de escapar dela, embora o reprima pela aceitação da vontade de seu Pai”. Lucas 22,24 relata que “Ele cheio de angústia, orava com mais insistência ainda e o suor se lhe tornou em espessas gotas de sangue que caíram por terra”.

3. Atitudes de Jesus e de Sócrates frente à morte

Oscar Cullmann observa a diferença da narração evangélica da agonia-morte de Jesus com a de Sócrates, narrada no Fédon de Platão: “Jesus é tão completamente homem que participa do medo natural que nos inspira a morte: deve, como Filho do homem e servo de Deus, experimentá-lo de modo muito mais terrível que os outros homens. Tem medo — não como o covarde pode ter daqueles que o matam, ou proveniente das dores que precedem a morte —, mas medo da marte mesma, por ser ela o grande poder do Mal. A morte, para ele, não é divina, mas algo horrível[15].

Será necessário refletir porque Jesus se angustia face à morte enquanto Sócrates se mantém sereno e dono de si.

O que distingue as atitudes de Jesus e de Sócrates, frente à morte, são certamente esses dois princípios: a) o conceito antropológico; b) a finalidade da existência terrestre.

Para Sócrates, o homem é um composto de corpo e alma. Já vimos como o corpo se constitui entrave fundamental para as atividades da alma, impedindo o acesso ao verdadeiro conhecimento[16]. A finalidade da vida presente se situa num nível estritamente individual de libertação da raiz dos males, o corpo. A vida presente deve ser ocupada com o filosofar. Esse é o ato mais nobre, digno e libertador, pois é somente pelo filosofar que o homem se “salva”, isto é, se liberta para viver mais próximo da realidade, do mundo das ideias, do verdadeiro conhecimento.

Para Jesus, o homem não é simplesmente uma encarnação da alma pré-existente num corpo material, mas criação de Deus, um ser muito mais complexo. A vida presente tem outras dimensões e outras finalidades que o filosofar. Para Jesus, a vida presente é uma missão. A libertação-salvação não ocorre pelo filosofar. Portanto, também a morte se reveste de outras dimensões que aquelas da simples separação dos elementos corpo-alma.

No ato de morrer, Sócrates não se coloca diante de Deus, ao qual deve comparecer para ser julgado. Ele se põe apenas frente ao esforço empreendido ao longo de sua vida de filósofo. Examina-se e se julga apto, preparado para fazer a passagem à maneira de existir como alma-imortal. A morte não representa um momento de crise, de julgamento.

Frente à morte, Jesus sente todo o peso de quem foi revestido de uma missão suprema. Ele não é um sábio, um filósofo que se preocupou em “salvar sua alma”. É toda sua missão e vida que estão em jogo, pois ele pode ainda “cair em tentação”. Por isso, ele ora incessantemente e pede ajuda dos discípulos que o acompanham.

Na morte de Sócrates, estão ausentes: noção de pecado, graça, redenção, fidelidade, infidelidade.

Jesus se sente dentro desse grande mistério de redenção exercendo uma função decisiva. É natural que ele sinta sua responsabilidade redobrada, neste ato final. Tendo vindo ao mundo para resgatar o homem do pecado, portanto do domínio da morte, sente, consequentemente, os golpes e as ameaças da morte. Não sente sua morte como uma simples separação da alma do corpo, mas como momento-acontecimento de decisão definitiva. Ela se revestia, para ele, de grave importância, pois ele compreendeu que ali estava o momento-acontecimento de coroar sua missão com extrema fidelidade ou de traí-la. Parece-nos que Paulo expressou essa ideia, em Filipenses 2,8: “humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz!”. Morrer, para Jesus, foi seu supremo ato de humilhação. Não foi um ato “nobre” como foi para Sócrates. Fiel à sua missão, ele se submeteu à essa “descida aos infernos” da consequência do pecado.

4. A morte: preço do pecado

A doutrina cristã tradicional ensina, a partir do Gênesis 2-3, passando por Paulo, que se o homem não tivesse pecado não morreria. Esse relato diz que o pecado de Adão e Eva, simbolizado no ato de comer o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal, acarretou como consequência, a morte. Se não pecasse, o homem seria preservado da morte, por um dom especial de Deus, dom chamado preternatural. Deus teria preservado o homem desse fim natural do organismo humano. Deus comunicaria, à alma, uma energia miraculosa, capaz de infundir no corpo um vigor perpétuo e preservá-lo da morte. Assim, a punição de culpa consiste em privar o homem dos dons preternaturais. Por tal castigo, a vida do homem sobre a terra torna-se precária e dominada pelo temor da morte estando sempre sob sua ameaça.

Mesmo em admitindo que a morte é destino comum de todos os seres vivos mundanos, históricos, podemos aceitar que a morte, como é vivida hoje, é fruto do pecado. Não tendo pecado, o homem poderia morrer, mas sua morte seria suave, uma “dominação”. Ela certamente não teria esse caráter trágico, dramático do qual está revestida. Esse é propriamente o “salário” do pecado: a tragicidade, o fúnebre, a dor, a dramaticidade que a morte provoca por onde passa. Talvez, tenha sido nas horas de agonia do Getsêmani ao Calvário que Jesus compreendera e experimentara tudo o que pode significar “viver” a morte como fruto do pecado.

5. A morte como crise-decisão

Ladislaus Boros formula assim sua hipótese sobre a morte como decisão final: “Na morte, abre-se a possibilidade para a primeira decisão plenamente pessoal do homem. Por isso, a morte é o lugar da conscientização do homem, do encontro com Deus e da decisão da sorte eterna”[17].

A primeira observação que nos cabe fazer diante desta hipótese de L. Boros, é a de que a morte não pode ser concebida como uma simples separação do corpo e da alma. Esta hipótese se coloca em nível diverso daquele “ôntico”, isto é, da morte como separação da alma do corpo, e procura situar a morte a nível pessoal.

Além disso, outro aspecto que sobressai é o caráter definitivo do estado adquirido pela morte, isto é, o momento em que as decisões tomadas ao longo de nossa vida vão endereçar uma decisão definitiva. É o momento-acontecimento do juízo-julgamento. É o momento-acontecimento da verdadeira crise do homem. É a hora de fixar uma decisão. Nessa hora, somos confrontados, num só ato com toda possibilidade de nossa liberdade de opção, com tudo o que realizamos ou negligenciamos. É oportunidade de nos abrir onde nos fechamos ao absoluto de Deus. Esta última opção é condicionada pelas opções parciais de toda nossa vida, com a possibilidade que a misericórdia de Deus nos dá, de revisá-las. Existe sempre — e aí nesse momento decisivo de maneira mais real, porque mais livre — a possibilidade de uma conversão. Isto não diminui a importância e a gravidade das opções parciais e provisórias do dia a dia, porque uma mudança completa da direção na qual alguém caminhou, ao longo de sua vida, constitui um caso-limite e não pode, portanto, se constituir em norma.

IV. CONCLUSÃO

A hipótese da morte como opção-decisão definitiva, como momento-acontecimento da suprema crise da pessoa humana, melhor que a definição tradicional da morte como separação da alma do corpo, explica o caráter de gravidade do qual o ato de morrer se reveste. Se não aderimos à exemplaridade da morte de Sócrates, podemos, ao menos, aprender dela a importância e o empenho de se preparar para a morte. De Jesus aprendemos a gravidade da morte solidária que sela ou trai as decisões da vida. Em descendo aos infernos, ele nos mostra sua fidelidade incondicional à sua missão. Em ressuscitando, nos encoraja a viver e morrer com ele e nos mostra que podemos sair vitoriosos dessa crise-julgamento. “Morte, onde está a tua vitória?” (1Cor 15,55).

Bibliografia para conferir

BOROS, L. Mysterium mortis — L’uomo di fronte alla decisione suprema. Brescia, 1970.

GLORIEUX, P. “In hora mortis”, em: Mélanges des sciences religieuses 6, 1949, pp. 185- 216.

—. “Endurcissement final et grâces dernières”, em: Nouvele Revue Théologique 59, 1932, pp. 865- 992.

RAHNER, K. Sulla teologia della morte, Brescia, 1972.

TROISFONTAINES, R. Je ne meurs pas. Paris, 1960.

Além das obras citadas acima, indicamos ainda como leitura útil:

LORIZIO, G. Mistero della morte come mistero dell’uomo. Coll. Problemi apert. 6. Napoli: Ed. Dehoniane, 1981.

MELCHIORRE, V. Sul senso della morte. Bres­cia, 1964.

TROISFONTAINES, R. “La mort, épreuve de l’amour, condition de la liberté: Cohiers Laënnec 7, 1946, pp. 6-21.



[1] Diálogos L, X, 125.

[2] Iractatus, 6-4311.

[3] J. P. Sartre, em L’être et le Neánt, 1955, p. 630.

[4] Heidegger. Ser e Tempo, § 53.

[5] J. P. Sartre, op. cit., p. 621.

[6] Trad. de J. Bruna, em Os Pensadores. Abril Cultural, vol. V, 1973, p. 307.

[7] Fédon 64c.

[8] Cf. Fédon, 64.

[9] Cf. Fédon, 666.

[10] Fédon, 65e.

[11] Fédon, 67c.

[12] Fédon, 67d.

[13] Fédon, 64a.

[14] Fédon, 116a-118a.

[15] Del Evangelio a Ia formación de Ia teologia Cristiana. Salamanca: Sigueme, 1972, p. 238.

[16] Fédon, 65b.

[17] Nós somos futuro. São Paulo: Loyola, 1971, pp. 163-164.

Não nos é possível tratar aqui da dependência de L. Boros à filosofia e especialmente à tanatologia de Heidegger. Contentamo-nos também em somente indicar que, em geral, do ponto de vista estritamente teológico, L. Boros se alinha com o pensamento de P. Glorieux, de Troisfontaines e de K. Rahner, sem que traga realmente contribuições novas.

Roque Frangiotti