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Publicado em maio-junho de 2010 - ano 51 - número 272 - (pp. 3-4)

A sonorização nas Igrejas

Por Helena N. Ribeiro Crépin

Vivemos na era da comunicação e por conseguinte, nos principais congressos, assembleias, reuniões e planos de pastoral, a Igreja discute o que fazer, em grandes linhas, nessa área. Entretanto, às vezes descuidamos de coisas básicas e fundamentais para uma boa comunicação, como a adequada sonorização de nossos templos. Em época de tecnologias avançadas, os mais desinformados e relutantes acabam não conseguindo interagir bem com o mundo atual. Os ventos da globalização sopraram sobre nós e incendiaram a imaginação daqueles dispostos a investir na procura da melhoria da comunicação. Em todas as áreas surgiram novidades, tendo por objetivo o bem-estar e a qualidade de vida. Embora nem todos os problemas da humanidade tenham sido resolvidos — e alguns até tenham aumentado —, o mundo certamente evoluiu e quem ainda não se convenceu disso acabará ultrapassado ou remando contra a maré.

Em que pese a evolução das tecnologias e a nova forma de ser e viver do mundo moderno, a necessidade de uma vida espiritual plena continua acompanhando o ser humano. Estamos sedentos por descansar no sagrado para podermos enfrentar a correria do dia a dia e o materialismo dos tempos atuais. Assim, desejamos encontrar nos templos ambientes saudáveis, com temperatura agradável e boas acomodações, em que seja possível concentrar-se, rezar e celebrar bem, a fim de fortalecermos nossa fé e melhor orientarmos nosso caminho espiritual e nossa vida. A Igreja católica vive esse momento e precisa ser ouvida de forma clara e inteligível para responder à necessidade dos seus fiéis, levando em consideração que, na sociedade atual, muitas outras vozes sabem usar bem as palavras e aliá-las ao uso de boas tecnologias, a fim de atrair as pessoas.

De fato, não adianta ser bom pregador se a palavra chega distorcida ou inaudível ao ouvido do fiel. A comunicação exige boa compreensão, e uma palavra mal ouvida pode ser mal interpretada. Em vez de ser considerado luxo, um som de boa qualidade é veículo indispensável à transmissão da palavra de Deus. Hoje em dia, é comum encontrar paróquias utilizando equipamentos inadequados por descuido ou por desconhecimento da especificidade da tecnologia acústica necessária a uma boa instalação, deixando o fiel incomodado pelos ruídos de microfonia ou até mesmo com dificuldade de ouvir pelo excesso do som, bem como pela ininteligibilidade da palavra, a ponto de sair da igreja com a sensação de que não ouviu nada.

Alguém pode ser músico, mas não entender nada de reverberação; alguém pode até ser um ótimo músico e não conhecer a diferença acústica entre música e palavra. A Igreja pode ser bela, mas sem acústica adequada. No entanto, a tecnologia hoje permite resolver a maioria dos problemas de som encontrados nas igrejas, o que pode ser feito com o auxílio de pessoas especializadas no assunto, a fim de direcionar da melhor maneira possível os recursos para o investimento na qualidade do som.

Desde 1957, a acústica encontrou uma solução para a transmissão da palavra e da música em ambientes de forte reverberação (persistência do som num espaço, após haver cessado a vibração da fonte que lhe deu origem; eco) ou de grande espaço, promovendo as chamadas ondas direcionadas: as caixas acústicas do tipo line array são o resultado dessa tecnologia. No decorrer do tempo e assim que as aplicações evoluíram, chegaram as colunas acústicas do tipo line array compactas, equipando tanto os grandes santuários quanto as mais modestas igrejas do mundo inteiro.

Cada ambiente é específico; não existem soluções milagrosas para resolver todos os problemas acústicos. Existem apenas soluções mais bem adaptadas, permitindo a real inteligibilidade da palavra do pregador, dos cantos, das leituras… As ondas direcionadas geradas pelas colunas do tipo line array são as melhores até hoje e podem garantir real qualidade de audição. Porém, essas caixas não resolvem nada se não forem instaladas de forma adequada, com atenção à sua posição e à potência necessária à dimensão do templo religioso. Esses aparelhos são mais bem aproveitados se instalados de acordo com um projeto global realizado por um engenheiro, que poderá indicar a necessidade ou não de um tratamento acústico da igreja.

Entre o conhecimento e a especialização, são anos de estudo e de experiência, e o mundo religioso, ao contar com as possibilidades oferecidas pela tecnologia nesse campo, pode atingir melhor seus objetivos, não se esquecendo de considerar que a boa transmissão da palavra de Deus é indispensável para o bom desenvolvimento da espiritualidade e da pastoral junto aos fiéis.

 

Helena N. Ribeiro Crépin