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Publicado em novembro – dezembro de 2018 - ano 59 - número 324

A homilia e sua preparação segundo o papa Francisco

Por Jacques Trudel

Introdução

Em novembro de 2013, o papa Francisco, recém-eleito em março, publicava a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (EG), A Alegria do Evangelho, sobre o anúncio do evangelho no mundo atual. O capítulo terceiro, “O anúncio do evangelho”, aborda a homilia e a preparação da pregação nos números 135 a 159.

Quero retomar a leitura desses pontos sobre o anúncio do evangelho por meio da homilia, pensando na formação dos ministros da Palavra, incluindo leigos e leigas chamados a assumir a pregação nas celebrações da Palavra de muitas comunidades. Sem esquecer os seus ouvintes!

  1. A homilia (EG 135-144)

Com este título, Francisco, conhecido pelas homilias simples que falam ao coração, aborda a questão da homilia. Por que e o que nos ensina?

O ponto de partida é VER a situação. Há “muitas reclamações, e não podemos fechar os ouvidos”; “Fiéis e ministros ordenados sofrem: uns a ouvir e os outros a pregar”. Ao contrário, a pregação poderia ser “uma experiência intensa e feliz do Espírito, um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de renovação e crescimento”. A homilia permite “avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um pastor com o seu povo” (EG 135).

1.1. O que é a homilia?

Francisco faz duas afirmações importantes que iluminam a natureza da homilia. É “uma pregação no quadro duma celebração litúrgica” (EG 138) e “o momento mais alto do diálogo entre Deus e o seu povo” (EG 137). Afirmações fundamentais cuja fonte se encontra no Concílio Vaticano II, na constituição Sacrosanctum Concilium sobre a liturgia (SC 52 e 33). Diz SC 52: “Recomenda-se vivamente a homilia, como parte (destaque nosso) da própria liturgia; nela, no decurso do ano litúrgico, são apresentados, do texto sagrado, os mistérios da fé e as normas da vida cristã”. Francisco diz “pregação dentro da liturgia” (EG 135) e, sob o título “contexto litúrgico” (EG 137-138), escreve: “É um gênero peculiar, já que se trata de uma pregação no quadro duma celebração litúrgica” (EG 138).

Por isso, uma homilia ou pregação, sendo parte da liturgia, não pode se “parecer” com “conferência ou lição”, aula (EG 138), por mais “capaz que seja o pregador”. “Deve dar fervor e significado à celebração” e “ser breve”. Se se prolongar demais, a palavra do pregador “torna-se mais importante que a celebração da fé”, lesando “duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre as suas partes e o seu ritmo”. “O mesmo contexto exige que a pregação oriente assembleia e pregador para uma comunhão com Cristo na eucaristia que transforme a vida. Requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe mais que o ministro” (EG 138).

O segundo texto-fonte da Sacrosanctum Concilium, de n. 33, afirma: “Na liturgia, Deus fala ao seu povo, e Cristo continua a anunciar o evangelho. Por seu lado, o povo responde a Deus” (SC 33; destaques nossos). A liturgia é diálogo entre Deus e o seu povo, e, para Francisco, aqui está o sentido fundamental da homilia ou pregação na liturgia. Diálogo/dialogar é mencionado por dez vezes nos n. 137-143: “A proclamação litúrgica da Palavra de Deus, principalmente no contexto da assembleia eucarística, é […], sobretudo o diálogo de Deus com o seu povo […] e a homilia, […] o momento mais alto do diálogo entre Deus e o seu povo, antes da comunhão sacramental” (EG 137).

Na vida do dia a dia, esse diálogo de amor entre Deus e o povo existe, mas: “A homilia é um retomar esse diálogo que já está estabelecido entre o Senhor e o seu povo” (EG 137). Por isso: “Aquele que prega deve conhecer o coração da sua comunidade para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus, e também onde é que esse diálogo de amor foi sufocado ou não pôde dar fruto” (EG 137).

O parágrafo seguinte aprofunda a dimensão cordial do que significa a homilia para Francisco:

O pregador tem a belíssima e difícil missão de unir os corações que se amam: o do Senhor e os do seu povo. […]

Durante o tempo da homilia, os corações dos crentes fazem silêncio e deixam que fale Ele. O Senhor e o seu povo falam-se de mil e uma maneiras diretamente, sem intermediários, mas, na homilia, querem que alguém sirva de instrumento e exprima os sentimentos, de modo que, depois, cada um possa escolher como continuar a sua conversa.

A palavra é, essencialmente, mediadora e necessita não só dos dois dialogantes, mas também de um pregador que a represente como tal, convencido de que “não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos, por amor de Jesus” (2Cor 4,5) (EG 143).

Aqui se sublinha a importância da palavra humana na evangelização: a pregação “se funda na convicção de que é Deus que deseja alcançar os outros através do pregador e de que Ele mostra o seu poder através da palavra humana” (EG 136).

Com a palavra, Nosso Senhor conquistou o coração da gente. De todas as partes, vinham para o ouvir (Mc 1,45). Ficavam maravilhados, bebendo os seus ensinamentos (Mc 6,2). Sentiam que lhes falava como quem tem autoridade (Mc 1,27).

E os apóstolos, que Jesus estabelecera para estarem com Ele e para os enviar a pregar (Mc 3,14), atraíram para o seio da Igreja todos os povos com a palavra (Mc 16,15.20) (EG 136).

Sendo a pregação/homilia uma palavra que faz a mediação entre dois dialogantes, Francisco aponta consequências para a pregação.

– Imitar o jeito de Jesus dialogar: fazer sentir este gosto que Jesus tinha de dialogar com seu povo. Ele dialogava com o seu povo, cativando-o com seus ensinamentos, mesmo quando “elevados e exigentes”. “Creio que o segredo de Jesus esteja escondido naquele seu olhar o povo mais além das suas fraquezas e quedas […]. Jesus prega com este espírito” […]; “O Senhor compraz-se verdadeiramente em dialogar com o seu povo”; “compete ao pregador fazer sentir este gosto do Senhor ao seu povo” (EG 141).

– A conversa da mãe (n. 139-141): “A Igreja é mãe e prega ao povo como uma mãe fala ao seu filho” (EG 139). Aplicando para a homilia:

O espírito de amor que reina numa família guia tanto a mãe como o filho nos seus diálogos, nos quais se ensina e aprende, se corrige e valoriza o que é bom; assim deve acontecer também na homilia. O Espírito que inspirou os evangelhos e atua no povo de Deus inspira também como se deve escutar a fé do povo e como se deve pregar em cada eucaristia […], tanto para saber o que se deve dizer como para encontrar o modo mais apropriado (EG 139).

Na homilia, “este âmbito materno-eclesial” irá se manifestar “através da proximidade cordial do pregador, do tom caloroso da sua voz, da mansidão do estilo das suas frases, da alegria dos seus gestos” (EG 140). Todos termos afetivos característicos de uma homilia, que é o diálogo de coração a coração!

“Palavras que abrasam os corações” é o título afetivo que precede os n. 142-144, para caracterizar a tonalidade desejável da homilia em vez de apelar para a razão.

Um diálogo é muito mais do que a comunicação duma verdade. Realiza-se pelo prazer de falar e pelo bem concreto que se comunica através das palavras entre aqueles que se amam. […]

A pregação puramente moralista ou doutrinadora e também a que se transforma numa lição de exegese reduzem esta comunicação entre os corações que se verifica na homilia e que deve ter um caráter quase sacramental: “A fé surge da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo” (Rm 10,17) (EG 142).

Numa entrevista, Pe. Spadaro, sj, pergunta ao papa: qual a diferença entre uma homilia e uma conferência? Responde Francisco: “A homilia é o anúncio, é se fazer o anjo. A conferência é se fazer o doutor” (SPADARO, 2016, p. VIII).

O que esperar, então, de uma homilia em que o pregador se faz “anjo”, anunciando o evangelho?

A memória do povo fiel, como a de Maria, deve ficar transbordante das maravilhas de Deus. O seu coração, esperançado na prática alegre e possível do amor que lhe foi anunciado, sente que toda a palavra na Escritura, antes de ser exigência, é dom (EG 142).

Em suma: a homilia, na celebração litúrgica, faz parte do diálogo de amor contínuo entre Deus e o seu povo, como o momento mais alto desse diálogo. O pregador, como mediador, tem a missão de fazer sentir o gosto de Jesus em dialogar com seu povo, e de unir os corações que se amam. Um diálogo afetivo como conversa de mãe! Por isso, não é da natureza da homilia se parecer com pregação doutrinadora ou moralista, discurso ou mesmo aula de interpretação da Bíblia (exegese).

Perguntas para refletir: Depois destas linhas, fica mais claro para você o que é uma homilia na liturgia? São assim as homilias que escuta/prega?

  1. A preparação da homilia(EG 145-159)

Tendo refletido sobre a homilia e como deve ser, Francisco passa agora para a preparação da homilia.

A preparação da pregação é uma tarefa tão importante que convém dedicar-lhe um tempo longo de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral. […] Um pregador que não se prepara não é espiritual: é desonesto e irresponsável quanto aos dons que recebeu (EG 145).

A preparação há que considerar dois aspectos: “o que dizer” (EG 145-155) e “como dizer”, ou seja, a forma de desenvolver uma pregação (EG 156-159).

Para saber “o que dizer”, Francisco propõe um “itinerário” de preparação (EG 145). Corresponde aos dois primeiros passos da lectio divina, isto é, da “leitura da Palavra de Deus num tempo de oração, para permitir que nos ilumine e renove” (EG 152).

1º passo – leitura: o que diz o texto do dia?

 “O primeiro passo, depois de invocar o Espírito Santo, é prestar toda a atenção ao texto bíblico, que deve ser o fundamento da pregação” (EG 146).

Este momento parece fácil, mas é exigente para descobrir o que de fato o texto diz. A leitura profunda se faz como “culto da verdade”, em que se procura “amar a Deus que quis falar”. Deve-se fazer “com o máximo cuidado e com um santo temor de manipular (o texto)”. Fidelidade à Palavra, pois ela “sempre nos transcende”; “não somos donos, mas servidores da Palavra” (EG 146). Neste passo, “o mais importante é descobrir qual é a mensagem principal” (EG 147). “A mensagem central é aquela que o autor quis primariamente transmitir, o que implica identificar não só uma ideia, mas também o efeito que esse autor quis produzir” (EG 147).

Neste passo, é importante verificar se compreendemos bem o significado das palavras. Trata-se de algo importante, pois os textos da Bíblia foram escritos há 2 ou 3 mil anos e a sua linguagem é bem diferente da de hoje (EG 147). Ajuda “prestar atenção às palavras que se repetem”; considerar os personagens: quem são, o que fazem, como agem (cf. EG 147).

2º passo – perguntar-se: “Senhor,a mim, o que me diz este texto?”(EG 153)

Agora, num segundo momento, queremos ouvir o que a Palavra de Deus quer dizer a nós pessoalmente. De fato, “a pregação consistirá na atividade […] que é comunicar aos outros o que foi contemplado” (EG 150).

Francisco acrescenta outras perguntas muito úteis: “Com esta mensagem, que quereis mudar na minha vida? Que é que me dá fastio neste texto? Por que é que isto não me interessa?; ou então: De que gosto? Em que me estimula esta Palavra? O que me atrai? E por que me atrai?” (EG 153).

Francisco insiste sobre o fato de que quem prega há que ser uma testemunha da Palavra que primeiro ouviu:

O pregador deve ser o primeiro a desenvolver uma grande familiaridade pessoal com a Palavra de Deus […]. Se está vivo este desejo de, primeiro, ouvirmos nós a Palavra que temos de pregar, esta transmitir-se-á duma maneira ou doutra ao povo fiel de Deus: “A boca fala da abundância do coração” (Mt 12,34).

As leituras do domingo ressoarão com todo o seu esplendor no coração do povo, se primeiro ressoarem assim no coração do Pastor (EG 149).

A mensagem do Senhor deve passar através do pregador não só pela sua razão, mas tomar posse de todo o seu ser, pois é o mesmo Espírito que age em nós: “O Espírito Santo, que inspirou a Palavra, é quem hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixam possuir e conduzir por Ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar” (EG 151).

3º passo – pôr-se à escuta do povo

Se a homilia se insere no diálogo de Deus com o seu povo, um terceiro passo se torna necessário: “Um pregador é um contemplativo da Palavra e também um contemplativo do povo”; “pôr-se à escuta do povo, para descobrir aquilo que os fiéis precisam ouvir” (EG 154); “para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus e também onde é que este diálogo de amor foi sufocado ou não pôde dar fruto” (EG 137); descobrir “as aspirações, as riquezas e as limitações, as maneiras de orar, de amar, de encarar a vida e o mundo” da comunidade concreta (EG 154).

Francisco deseja uma pregação que fale à vida concreta das pessoas. Por isso, sugere diversas maneiras de fazer para procurar uma relação entre o texto bíblico e a realidade humana. No Brasil, fazemos essa relação nos círculos bíblicos, nos encontros de Natal e da Quaresma. Cabe-nos “saber ler nos acontecimentos a mensagem de Deus […], descobrir o que o Senhor tem a dizer nessas circunstâncias” (EG 154). Outra maneira seria “recorrer a alguma experiência humana frequente, como a alegria dum reencontro”, “o medo da solidão, a compaixão pela dor alheia”, ou então “partir de algum fato”. Tudo isso na intenção de que “a Palavra possa repercutir fortemente no seu apelo à conversão, à adoração, a atitudes concretas de fraternidade e serviço” (EG 155).

Perguntas para refletir: De que mais gostou nas sugestões de Francisco para preparar o conteúdo da pregação? Seria possível aplicar algo disso?

4º passosaber como pregar

Um fato: “Alguns pregadores sabem o que dizer, mas descuidam do como, da forma concreta de desenvolver uma pregação” (EG 156). E um princípio: o “conteúdo da evangelização não deve esconder a importância dos métodos e dos meios da evangelização”. Preocupar-se com a forma de pregar é “responder ao amor de Deus, entregando-nos com todas as nossas capacidades e criatividade à missão que ele nos confia, mas também é um exímio exercício de amor ao próximo, porque não queremos oferecer aos outros algo de má qualidade” (EG 156).

2.1. Recursos pedagógicos (EG 156-159)

O principal e mais original: “Uma boa homilia […] deve conter uma ideia, um sentimento, uma imagem” (EG 157). Uma imagem: quem não se recorda dos padres “com cheiro de ovelhas”, da Igreja como “hospital de campanha”? Vale à pena ler e pôr em prática:

Um dos esforços mais necessários é aprender a usar imagens na pregação, isto é, a falar por imagens. Às vezes, usam-se exemplos […], mas esses exemplos frequentemente se dirigem apenas ao entendimento […]. Uma imagem fascinante faz com que se sinta a mensagem como algo familiar, próximo, possível, relacionado com a própria vida. […] pode levar a saborear a mensagem que se quer transmitir, desperta um desejo e motiva a vontade na direção do evangelho (EG 157).

Outra orientação é que a homilia seja “simples, clara, direta, adaptada”, como dizia Paulo VI (cf. EG 158). Simples significa usar palavras que as pessoas entendam, e não falar “teologuês”! Certa vez fiz notar a um estudante que ele usava palavras difíceis. Respondeu: “Quero que as pessoas saibam que estudei!” Prefiro a anedota verdadeira de um padre amigo sobre uma religiosa simples, com poucos estudos, que disse: “Vê-se que o papa não estudou muito. Entendo tudo o que ele fala!”: Graças a Deus, irmã! No livro com homilias do papa organizado pelo Pe. Antonio Spadaro, consta a informação de que Francisco ensinou Literatura; e não só História da Literatura, mas também Escrita Criativa (PAPA FRANCISCO, 2016); ele sabe como comunicar Deus!

Uma homilia pode ser simples, mas ficar sem clareza e incompreensível se falta unidade, lógica, ligação entre as frases (cf. EG 158). “Uma ideia” pode significar não falar tudo, mas privilegiar um aspecto, dando unidade à mensagem.

Por fim, Francisco recomenda usar na homilia a linguagem positiva, que “não diz tanto o que não se deve fazer, como sobretudo propõe o que podemos fazer melhor. […] Uma pregação positiva […] não nos deixa prisioneiros da negatividade” (EG 159).

À guisa de conclusão

Francisco costuma fazer pequenas homilias matinais na missa celebrada na capela Santa Marta com umas 40 pessoas. Não usa texto escrito, no entanto prepara a sua homilia. Como faz? Padre Antonio Spadaro lhe perguntou: “Como o senhor prepara as homilias de Santa Marta?”. O papa respondeu:

“Eu começo ao meio-dia do dia anterior. Leio os textos do dia seguinte e, em geral, escolho uma entre as duas leituras. Depois leio em voz alta o trecho que escolhi. Eu preciso ouvir o som, escutar as palavras. E depois sublinho no livrinho que uso as que mais me tocaram. Depois, durante o resto do dia as palavras e os pensamentos vão e veem, enquanto faço aquilo que devo fazer: medito, reflito, tomo gosto nas coisas…

Há dias, no entanto, em que chego à noite e não me vem nada em mente, quando não tenho ideia do que vou dizer no dia seguinte. Então eu faço o que diz santo Inácio. Durmo em cima. E então, de repente, quando acordo, vem a inspiração. Vêm coisas justas, às vezes fortes, às vezes mais fracas. Mas é assim: eu me sinto pronto” (SPADARO, 2016, p. VIII).

Na mesma conversa, Francisco explica por que não usa texto em Santa Marta.

“Quando no seminário nos ensinavam a homilética, eu sentia já uma forte aversão pelos textos escritos onde está tudo. […] Eu era e estou convicto de que entre o pregador e o povo de Deus não deve ter nada no meio. Não pode haver um papel; um apontamento escrito, sim, mas não tudo. Isso recordo muito bem. Até falei na aula. O professor ficou admirado. Me perguntou por que eu era contrário a preparar toda a homilia. E eu lhe respondi: ‘Se se faz uma leitura, não se pode olhar as pessoas nos olhos’. Isso me recordo muito bem e aconteceu antes de que eu fosse ordenado sacerdote. Este é o ponto. O verdadeiro problema da homilia escrita é que impede de olhar nos olhos das pessoas para as quais quem prega se volta” (SPADARO, 2016, p. VI).

Como exercício final, sugiro tomar a homilia de Francisco (“A vida cristã como discipulado”) pronunciada na missa da memória de são Pedro Claver num sábado, 9 de setembro de 2017, no aeroporto de Medellín, durante a viagem apostólica à Colômbia. Os textos bíblicos foram do sábado da 22ª semana comum, com o Evangelho de Lc 6,1-5. Na homilia, no entanto, o papa faz alusão a um trecho maior, de Lc 5,1-11 (da quinta-feira anterior) até Lc 6,12-19, que prolonga a leitura do sábado. A homilia se encontra em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2017/documents/papa-francesco_20170909_omelia-viaggioapostolico-colombiamedellin.html>.

Verifique como Francisco desenvolve a homilia: início, meio – em redor de três palavras – e conclusão. Com base no texto bíblico, como desenvolve o tema?

Bibliografia

CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada liturgia. São Paulo: Paulinas, 1963.

PAPA FRANCISCO. Exortação apóstólica Evangelii Gaudium sobre o anúncio do evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulus/Loyola, 2013.

______. A felicidade treina-se em cada dia: novas homilias em Santa Marta. Organizado por Antonio Spadaro. Lisboa: Paulinas, 2016.

SPADARO, Antonio. Una conversazione con papa Francisco. In: PAPA FRANCISCO. Nei tuoi occhi è la mia parola: omelie e discorsi di Buenos Aires 1999-2013. Milano: Rizzoli, 2016.

Jacques Trudel

Pe. Jacques Trudel, sj, doutor em Teologia Litúrgica (Santo Anselmo/Roma, 1973). Professor de Teologia na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Publicou Homilia: formação e arte de comunicar (São Paulo: Paulus, 2015). Em fevereiro de 2017, Creômenes, sj, defendeu no Institut Catholique de Paris a dissertação de mestrado: Uma leitura da obra de inculturação litúrgica de Jacques Trudel.