Prezadas irmãs,
prezados irmãos, graça e paz!
A catequese não se resume à transmissão de um conjunto de doutrinas. Seu objetivo mais profundo e vital é conduzir o catequizando a uma experiência pessoal e comunitária do mistério de Deus. Trata-se de um convite a ir além do conhecimento intelectual para mergulhar no amor divino, que se manifesta de forma íntima e transformadora em nosso coração.
O profeta Jeremias tem uma expressão que ilustra bem essa dimensão interior da fé: “Porei a minha Lei no seu íntimo e a escreverei no seu coração” (Jr 31,33). Em Jesus Cristo, todos nos tornamos uma carta dele no mundo. Como destaca o apóstolo São Paulo, “uma carta escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de corações humanos” (2Cor 3,3).
A catequese tem sentido quando realmente toca a alma da pessoa. A fé não pode ser algo imposto de fora, mas constitui uma lei de amor escrita no coração. A catequese é o processo pelo qual essa escrita se torna legível, e o catequizando pode finalmente ler a mensagem de Deus na própria existência, obtendo luzes para também ler o texto do mundo da vida.
A experiência existencial do mistério de Deus acontece quando a catequese incentiva a dimensão mistagógica, a oração e a experiência de Deus no cotidiano.
A dimensão mistagógica é o processo de iniciação aos mistérios da fé, especialmente por meio dos sacramentos. A catequese tem a obrigação de ajudar o catequizando a não apenas entender, mas também vivenciar a graça de Deus na liturgia.
A Eucaristia, por exemplo, não é tão somente um ritual, mas sobretudo o encontro real com Cristo, que se entrega por nós. O catequizando é conduzido a uma participação consciente e viva, mediante a qual venha a experimentar o amor de Deus, que é comunhão conosco.
A oração é o diálogo com Deus. Uma catequese que não ensina a rezar falha em sua missão mais fundamental. Por intermédio da oração, o catequizando se abre à ação do Espírito Santo, que age em seu interior. Essa experiência de intimidade com Deus, seja na meditação da Palavra, seja na oração espontânea ou na contemplação silenciosa, é o caminho para o aprofundamento da fé.
A presença de Deus no cotidiano significa que seu mistério não está restrito aos templos ou aos sacramentos. O Senhor se manifesta nas pequenas coisas da vida: na beleza da criação, na bondade de um amigo, na superação de uma dificuldade, no perdão concedido ou recebido. A catequese deve ajudar o catequizando a “ler” a presença de Deus em sua própria história, compreendendo-o como um Deus vivo e atuante, que caminha ao seu lado a cada passo.
O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que a catequese deve ser uma “iniciação à vida da fé” (CaIC 426). Essa vida é o relacionamento com uma Pessoa – Jesus Cristo. A catequese que ignora a dimensão da experiência do mistério de Deus nos corações corre o risco de formar “cristãos de fachada”, que conhecem a doutrina, mas não têm um relacionamento vivo e transformador com o Senhor. Esse relacionamento não se dá na solidão e de forma intimista. Nossa fé é um testemunho pessoal e comunitário. Afirmamos no nosso Credo Apostólico que “cremos na comunhão dos santos”. Essa comunhão nasce no batismo e nos faz todos parte de um mesmo corpo, o Corpo de Cristo, que é a Igreja.
A verdadeira catequese é o caminho que leva do conhecimento do Evangelho ao encontro com o próprio Jesus no chão da vida, rumo ao céu.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Editor

