Jorge Forero*
*é religioso paulino (Sociedade de São de Paulo)
Eis o artigo:
Perspectivas institucionais no mês da Palavra. A comunicação constitui um elemento essencial da identidade cristã. O próprio Cristo é a Palavra feita carne (Jo 1,14), que se revela como mensagem e mensageiro, inaugurando um modo novo de relação com a humanidade. Nesse sentido, evangelizar significa comunicar a Boa Nova de Jesus Cristo em linguagens capazes de atingir o coração das pessoas em cada contexto, por isso pregar e anunciar o Evangelho é uma oportunidade para espalhar o amor de Deus no mundo todo, especialmente no continente digital, ou seja, nas redes sociais precisamos de comunicar com a verdade e com alegria.
Por exemplo, São Paulo VI, na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (1975), recordava que “a Igreja existe para evangelizar” (EN, 14) e que esse anúncio se concretiza por meio de múltiplas formas de comunicação, sempre atentas à cultura em que se inserem por isso mesmo os paulinos, e nós como sacerdotes paulinos estamos a viver, pensar e pregar o Evangelho de Cristo com nossa própria vida no meios dos canais de comunicação. Mais recentemente, o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013), destacou a importância de “uma pastoral em chave missionária” (EG, 33), capaz de renovar métodos e estruturas para que a mensagem do Evangelho chegue a todos.
Assim, ao integrar comunicação, inovação, inteligência artificial e estratégias institucionais, não apenas respondemos aos desafios contemporâneos, mas reafirmamos nossa fidelidade ao mandato do Senhor: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).Nesse horizonte, a inovação não pode ser compreendida como simples adaptação a modismos, mas como exigência missionária. Desde os primeiros séculos, a Igreja fez uso das linguagens disponíveis – da retórica clássica ao livro impresso, da rádio à internet – para dar continuidade ao mandato de Cristo: “Ide, portanto, e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). Hoje, a inovação passa inevitavelmente pelo diálogo com os ambientes digitais e com as novas tecnologias. Justamento os novos missionários digitais devemos estar comprometidos de viver e pregar o Evangelho de Jesus.
Além disso, a inteligência artificial (IA) ocupa um lugar de destaque. Como observa o Papa Francisco em sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2024, a IA representa um “salto qualitativo” na forma como produzimos e compartilhamos informações, o que exige discernimento ético e pastoral. A utilização responsável da IA pode favorecer a evangelização por meio da personalização das mensagens, da análise de contextos sociais e culturais e da abertura de novas vias de diálogo. No entanto, há o risco de reduzir a comunicação a uma técnica desprovida de encontro humano, razão pela qual a Igreja deve sempre subordinar a tecnologia ao serviço da dignidade da pessoa e da missão evangelizadora.
Para que esse caminho seja fecundo, são necessárias estratégias institucionais que integrem tradição e inovação. Uma comunicação institucional eclesial deve estar alicerçada em três pilares: Fidelidade ao Evangelho, garantindo que o conteúdo anunciado conserve sua autenticidade e verdade; Discernimento pastoral, avaliando criticamente os meios e linguagens à luz do Evangelho, Magistério e Tradição da Igreja e da realidade concreta; Gestão responsável da inovação utilizando a IA e outros recursos como instrumentos de apoio, e não como substitutos da experiência de encontro e testemunho com Deus.
Dessa forma, a relação entre comunicação, Evangelho, inovação e inteligência artificial não é meramente instrumental, mas profundamente teológica e pastoral. Comunicar, para a Igreja, é continuar a encarnação da Palavra, atualizando o testemunho de Cristo nas novas culturas e ambientes humanos.
Como recorda Francisco na Evangelii Gaudium, “a Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração” (EG, 14). A verdadeira estratégia institucional, portanto, não está apenas no domínio das ferramentas tecnológicas, mas na capacidade de criar espaços de encontro autêntico e humano, nos quais a inovação se torna meio de proximidade, a inteligência artificial se converte em apoio à missão, e a comunicação permanece fiel ao coração do Evangelho: a vida plena em Jesus Cristo. A Palavra de Deus nos faça esperançosos e nos convide a sorrir mais para evangelizar o amor de Deus para tudo aquele que precisa dele. Deus abençoe sempre.