Eliseu Wisniewski*
* Presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul, mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Eis o artigo:
Samuel Pruvot repórter da revista Famille chétienne com a colaboração de Marc Leboucher diretor literário da editora Salvator são os autores de Leão XVI: o novo papa (São Paulo: Paulus, 2025, 192 p.). Nesta obra escrita logo depois da eleição de Robert Francis Prevost os referidos autores pontuam que uma nova página se abre na história do papado e, diante disso, se perguntam: Quem realmente é Leão XIV? Como entender a trajetória desse homem afável e discreto, a espiritualidade agostiniana que o sustenta? Quais as circunstâncias de sua ascensão à cátedra de São Pedro? Ainda mais: Aquele que desde o início se apresentou como um apóstolo da paz e do amor será capaz de responder aos formidáveis desafios lançados à Igreja, neste mundo tão conturbado em que vivemos? Essas perguntas direcionam a obra estruturada em duas partes.
A primeira parte do livro, que vai das páginas 11 a 110, tendo como pano de fundo os bastidores do conclave apresenta uma biografia detalhada de Leão XIV, cujo nome de batismo é Robert Francis Prevost. Ele nasceu em Chicago em 14 de setembro de 1955, e é filho de Louis Marius Prevost e Mildred Martínez, tendo irmãos chamados Louis Martín e John Josep. Sua trajetória inclui uma longa história na Ordem de Santo Agostinho, onde foi prior geral por doze anos, de 2001 a 2013. Ele foi eleito papa em 8 de maio de 2025, durante o conclave que sucedeu à morte do Papa Francisco. Antes de sua eleição, atuou como administrador apostólico de Chiclayo, no Peru, desde novembro de 2014, e foi ordenado bispo em dezembro do mesmo ano. Em 2015, foi nomeado bispo titular daquela diocese. Mais recentemente, em janeiro de 2023, foi nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos e recebeu o cardinalato em setembro de 2023. Esses dados mostram seu perfil com uma história marcada por liderança, experiência missionária e dedicação à Igreja.
A segunda parte do livro (p. 111 a 161), aborda os grandes desafios que Leão XIV enfrentará durante seu pontificado. Entre eles, estão a necessidade de impor seu próprio estilo de liderança, atuar como uma voz profética em meio ao caos internacional, promover a sinodalidade e reformar a Cúria romana. Além disso, ele precisará apaziguar a querela litúrgica, lembrar que a ecologia não é um luxo, a continuidade no combate aos abusos sexuais, refletir sobre o papel das mulheres no governo da Igreja e fortalecer o diálogo inter-religioso. Esses temas mostram a complexidade e a importância do seu papel na Igreja e no mundo.
Essa obra traz a primeira biografia do papa Leão XIV, traduzida do francês para o português, o que é uma ótima oportunidade para conhecer melhor quem foi Robert Prevost, o novo papa. O livro apresenta um retrato detalhado da vida, vocação e missão do líder da Igreja Católica. Sua leitura ajudará a ir além das primeiras impressões e manchetes, permitindo um entendimento mais profundo sobre essa figura tão importante. Ao explorar sua trajetória, valores e visão, podemos conhecê-lo de verdade e entender melhor o seu perfil e os desafios que enfrentará à frente da Igreja.
A abordagem de Pruvot mostra como o perfil de Robert Prevost é realmente único, combinando sua experiência intercultural com um jeito discreto de atuar na Igreja. A primeira parte do livro destaca justamente esses aspectos, explorando sua história pessoal, o processo eleitoral e sua primeira mensagem, que juntos oferecem uma visão bem abrangente do seu pontificado. Essa abordagem ajuda a entender o impacto que ele pode ter não só na esfera eclesial, mas também no político e cultural, refletindo a importância de sua trajetória e estilo de liderança. A obra mostra, ainda, como Leão XIV, o primeiro papa agostiniano e americano, possui uma essência que vai muito além de suas origens. Sua postura discreta, prudente e sua vasta experiência missionária longe dos holofotes, realmente o definem como líder.
Sua história de vida que vai de Chicago a Chiclayo exemplifica como a convivência entre diferentes culturas pode transformar uma vocação, trazendo uma perspectiva única para a Igreja. Essa mistura de raízes americanas com experiências latino-americanas enriquece sua visão e influenciará suas decisões. O livro oferece uma narrativa detalhada, com dados, detalhes e contexto, ajudando a compreender melhor essa jornada e suas marcas na sua personalidade e liderança. Além disso, o relato de Prevost sobre o momento decisivo da eleição revela as tensões, surpresas e gestos importantes que marcaram esse processo, mostrando como o conclave é uma dinâmica complexa.
No seu primeiro discurso como papa, Prévost ao citar Francisco, reforçou a continuidade e ao repetir a palavra “paz” cinco vezes, mostrou seu compromisso com a esperança e a estabilidade em tempos desafiadores. O livro ajudará a entender o alcance dessas primeiras palavras, além de destacar os grandes desafios que a Igreja enfrenta atualmente, como guerra, pobreza, migração, inteligência artificial, sinodalidade e o papel das mulheres.
A figura de Prevost, assim como a eleição papal em geral, tem uma repercussão e consequências que vão muito além do âmbito religioso, influenciando a política, a cultura e o cenário internacional. A leitura dessa obra certamente ajudará o leitor a compreender como um evento tão simbólico pode ter um alcance tão amplo, mostrando que suas implicações ultrapassam o mundo eclesial e afetam aspectos sociais e políticos globais.