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Publicado em setembro-outubro de 2025 - ano 66 - número 365 - pp. 34-43

O “CULTO RACIONAL” E A ÉTICA DO DISCERNIMENTO: Uma leitura de Rm 12,1-2

Por Pe. Me. Paulo Bazaglia, ssp*

A exortação de Paulo ao “culto racional”, dirigida aos seguidores de Jesus em Roma, implicava o oferecimento de corpos vivos, santos e agradáveis a Deus, bem como mentes em contínua renovação. No ambiente do culto romano, marcado pelo culto ao imperador, Paulo propõe o discernimento crítico a respeito da vontade ou plano de Deus para toda a humanidade, em vista de um comportamento comprometido com a vida nova do Espírito, com a justiça e a fidelidade do Deus de Jesus – que não podiam ser confundidas ou trocadas pela paz e justiça propagandeadas pelo Império Romano.

INTRODUÇÃO

A atenção à carta aos Romanos sempre se direcionou sobretudo aos capítulos 1-11, nos quais Paulo apresenta a dinâmica amorosa do Deus de Israel ao escolher um povo e então decidir incorporar todas as nações numa única família dos renascidos no Espírito de Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Nas últimas décadas, felizmente, o olhar tem se voltado com maior frequência aos capítulos 12-15, nos quais encontramos essencialmente
exortações de Paulo à comunidade dos seguidores de Jesus que se encontravam em Roma, o centro do império, por volta do ano 57 d.C., quando o apóstolo envia a carta, provavelmente de Corinto, por meio da diaconisa Febe. Procuraremos aqui indicar como Paulo, falando de um “culto racional”, abre a parte exortativa da carta, propondo uma ética do discernimento.

1. O “culto racional” de Rm 12,1-2

Os dois primeiros versículos de Rm 12 funcionam como uma conclusão a toda a primeira parte da carta e, ao mesmo tempo, introduzem a segunda parte, exortativa:

12,1Exorto-vos, portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a apresentardes os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: (este é) o vosso culto racional. 2E não vos deixeis conformar ao esquema deste século, mas sede transfigurados pela renovação da mente, a fim de que possais discernir qual a vontade de Deus, o (que é) bom, agradável e perfeito.

Há quem diga que em Rm 12,1 temos o “portanto” mais importante de toda a Bíblia, apesar de algumas traduções omitirem a conjunção. Isso porque, ao iniciar a parte exortativa da carta, Paulo, com o “portanto”, relaciona as exortações de Rm 12-15 com Rm 1-11, seção em que ele apresenta o agir misericordioso do Deus de Israel e sua decisão de salvar a todos pela fé em seu Filho. O Deus de Jesus não apenas não rejeitou o povo que havia escolhido, como também quis fazer de todas as nações uma só família dos que creem – todos filhos de Abraão, os de coração circuncidado (Rm 2,29), de quem Jesus se fez servidor (Rm 15,8). As ações misericordiosas de Deus (Rm 11,25-32), de fato, direcionam-se para o Evangelho de Jesus (sua vida e ações), como evento/realidade que manifesta a fidelidade de Deus, o qual cumpre as promessas feitas aos patriarcas. De uma humanidade acomunada pelo pecado (judeus e gentios), o Espírito faz surgir a humanidade renovada, renascida pelo batismo (Rm 6 e 8). Paulo inicia suas exortações, portanto, com uma exortação-chave, relativa a um culto novo, fundamentando essa exortação na dinâmica das ações misericordiosas do Deus de Israel para com toda a humanidade, que se encontrava encerrada na desobediência (Rm 11,32).

Paulo fala de um “culto racional” (em grego, logikē latreia). Em várias Bíblias, o adjetivo grego logikós é traduzido como “espiritual”. No entanto, se quisesse falar de um “culto espiritual”, Paulo teria usado o adjetivo comum pneumatikós (“relativo ao espírito”). Alguns propõem que esse culto seria “segundo o Logos divino”, mas este seria o sentido imediato sobretudo na literatura joanina. Não é tão simples compreender o que Paulo desejava ao usar um adjetivo que aparece no NT apenas aqui e em 1Pd 2,2, que exorta a desejar “o leite racional/lógico e não adulterado”. No tempo de Paulo, algumas correntes da filosofia grega eram críticas aos sacrifícios de sangue nos templos. Paulo, porém, é judeu e não tem a mentalidade dualista grega. Não se trata, para ele, de propor o fim dos sacrifícios ao Deus de Israel no templo de Jerusalém, e sim de enfrentar a questão dos sacrifícios feitos às diversas divindades do ambiente greco-romano.

No início da carta, Paulo havia apresentado a situação da humanidade:

Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe agradeceram. Ao invés disso, tornaram-se vazios em seus pensamentos, e seu coração insensato ficou na escuridão. Vangloriando-se de ser sábios, tornaram-se tolos, e trocaram a glória do Deus incorruptível por representação de imagens de seres humanos corruptíveis, de aves, quadrúpedes e répteis (Rm 1,21-23).

No que segue (Rm 1,24-32), Paulo carrega bastante nas tintas para delinear o quadro de uma humanidade que vive de modo bastante desordenado, e há quem veja, como Neil Elliott (2010), que aí Paulo esteja também pintando um retrato da casa imperial. Seja como for, o novo culto a que Paulo exorta em Rm 12,1-2 é “racional”, “lógico” ou “inteligente” porque supera a mentalidade mágica presente nos rituais de sacrifício gentios, que buscavam, pela oferta de sacrifícios, a boa convivência com os deuses. Vale notar que, na religio romana, os sacrifícios não implicavam compromisso ético por parte do ofertante, o qual buscava, sobretudo, realizar corretamente os rituais previstos para obter o favor dos deuses. Trata-se, portanto, de algo bem diferente do que um judeu entendia como oferta cultual, e sobre isso basta recordar as tantas críticas proféticas e sapienciais ao culto (e ao sacrifício ritual) que Deus abomina quando não acompanhado da sinceridade de coração, ainda mais quando feito para encobrir as injustiças (por exemplo, Sl 51,18-10; Pr 15,8; Eclo 35,1; Is 1,11-17; 29,13-14; Os 6,6; Am 5,22; Mq 6,6-8; Ml 1,13). Trata-se da mesma crítica que encontramos no NT ao culto dissociado da vida de misericórdia e justiça (por exemplo, Mt 5,23-24; 9,13; 15,8-9; Mc 12,33).

Fato é que, para traduzir na prática a novidade de vida trazida pelo Espírito, os seguidores de Jesus em Roma não podiam continuar oferecendo animais e alimentos a deuses que não passavam de representações e criações humanas, sobretudo porque oferecer tais sacrifícios significava participar da lógica que eles encerravam: uma religião fortemente preocupada com a correta realização dos rituais e profundamente entrelaçada pelo culto imperial, com imperadores mortos, já divinizados, recebendo culto direto (a partir de Augusto e, antes dele, do ditador Júlio César), e imperadores vivos recebendo culto indireto por meio de suas divindades protetoras. O culto imperial permeava desde as festas cívicas de Estado até as imagens do imperador presentes nos oratórios (larários) das casas, junto às outras divindades protetoras, caracterizando, assim, a religião romana como promotora da política imperial.

O culto racional ou lógico a que Paulo exorta, portanto, implica a capacidade humana de discernir, raciocinar, ponderar, rompendo com a mentalidade mágica típica dos sacrifícios rituais do mundo romano. Em vez de animais mortos, Paulo fala de um sacrifício vivo, santo (de algum modo “separado”, pois não conformado ao esquema deste mundo) e agradável a Deus. Trata-se não da oferta de algo externo, mas dos próprios corpos, entendidos como a totalidade do ser humano em suas relações corporificadas concretas. Paulo se expressa em grego, mas sua mentalidade é a de um judeu, e “corpos” aqui não se contrapõem à alma (distinção já em uso na filosofia grega naquele tempo), mas indicam os seres humanos enquanto presença concreta no mundo. O plural não elimina a individualidade, mas reforça o caráter comunitário da oferta a Deus.

Essa oferta da vida a Deus, a qual passa pelas relações concretas dos corpos (aspecto somático), traduz-se, ao mesmo tempo, na inconformidade com o esquema do mundo atual e na transformação contínua pela renovação da mentalidade (aspecto noético). Os verbos imperativos do v. 2, na voz média ou passiva (“não vos deixeis conformar” ou “não sejais conformados”) e na voz passiva (“sede transfigurados”), indicam que forças contrárias ao Evangelho exercem influência sobre os fiéis e podem mantê-los conformados ou resignados com o esquema do mundo atual (passageiro e destinado a desaparecer: Rm 13,11-14); ao mesmo tempo, indicam afirmativamente que o empenho humano fundado na fé é sempre acompanhado pela ação do Espírito de Deus e aberto a ela, pois é Deus quem dá a graça da vida nova e a mantém animada.

Ao sacralizar os corpos como oferta viva a Deus, Paulo subverte o código social que via honra e sacralidade apenas nos corpos da elite, enquanto os corpos escravizados e pobres eram considerados degradados (Bay, 2016). Degradação mesmo, para Paulo, é o quadro de Rm 1,18-32 (corpos que cultuavam as criaturas em vez do Criador), ao passo que os seguidores de Jesus, constituídos sobretudo por gente pobre e escrava, realizando o culto racional, faziam-no na consciência da sacralidade dos próprios corpos oferecidos a Deus – ainda que tais corpos continuassem vulneráveis a agressões físicas, psicológicas e de todo tipo.

Daí o inconformismo e a transfiguração pela renovação da mente, que traduzem o novo modo de vida dos seguidores de Jesus. E então podemos intuir que Paulo usa o adjetivo “racional” ou “lógico” talvez para salientar esse aspecto essencial da vida cristã, na qual, sob a graça e já não sob a Lei, no dinamismo do Espírito e não na obediência cega a regras, mandamentos e sacrifícios rituais, é necessária a constante transformação mental e interior que encontre a razão da existência e lhe dê sentido. O “vestir-se do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,14), afinal, não é algo simplesmente externo, envolvendo apenas comportamentos de fachada ou ações isoladas, mas atitude interior de metanoia, mudança de mentalidade. Em outras palavras: uma metamorfose, que transforma por dentro e faz viver de outro modo.

Essas duas dimensões presentes na exortação podem ser relacionadas a outras passagens da carta. O culto racional dos seguidores de Jesus é o contrário do quadro apresentado em Rm 1,18-32, em que o pecado dominava a humanidade, com a adoração das criaturas em vez do Criador, a troca da verdade de Deus pela mentira etc., de modo que “Deus os entregou à mente sem valor (ou reprovada) de cada um, para fazerem o que não convém” (Rm 1,28). A vida nova do Espírito não torna as pessoas imunes ao pecado, mas as liberta do domínio do pecado, sendo necessário diligência contínua para que “o pecado não reine mais no vosso corpo mortal” (Rm 6,12); “ao contrário, apresentai-vos à disposição de Deus, como pessoas vivas vindas da morte, e apresentai vossos membros como armas de justiça” (Rm 6,13).

Paulo deixa claro, enfim, que o novo ethos dos seguidores de Jesus que provinham da gentilidade e se encontravam nas casas e cortiços de Roma exigia a “inconformidade com o esquema deste mundo” e o “discernimento pela renovação da mente”; teria sempre como fundamento “as misericórdias de Deus” e traduziria novo tipo de resposta à vontade divina, concretizada em ações de misericórdia: o “culto racional” da oferta coletiva de corpos vivos e mentes em transformação.

2. A ética de discernimento

Paulo exorta ao culto racional, que é uma metáfora para a oferta da própria vida a Deus por parte dos seguidores de Jesus. Ressignificando, assim, o culto, Paulo responde a uma necessidade cultual: já que não têm mais sentido os sacrifícios às divindades das nações, e já que os seguidores de Jesus de origem não judaica não estão obrigados aos sacrifícios ao Deus de Israel no templo de Jerusalém, é necessário repropor o culto a Deus em termos de um sacrifício simbólico. Deste modo, Paulo o relaciona – nada mais, nada menos – com a totalidade da existência, vivida como oferenda que agrada a Deus. Além disso, o apóstolo precisa responder a uma necessidade ética: o batismo, que inseria a pessoa na comunidade dos seguidores de Jesus, não era um rito mágico, e a ação do Espírito na vida nova dos batizados exigia-lhes o compromisso de viver segundo os princípios do Evangelho, na atenção contínua para não se deixarem levar por lógicas, mentalidades ou esquemas contrários ao Evangelho de Jesus.

A proposta de Paulo na exortação ao discernimento envolve uma aposta de risco, pois aponta para uma ética fundada nos valores do Evangelho que seja crítica a toda moralidade contrária a esses valores. A inconformidade com o mundo atual e a renovação da mente têm por fim o discernimento a respeito da vontade de Deus, caracterizada como o que é bom, agradável (a Deus) e perfeito. Paulo usa o verbo grego dokimazo, que significa “testar”, “examinar”, “provar”, “verificar” se algo é genuíno ou não, tal como se faz com os metais, para distinguir entre os preciosos e os comuns. O discernimento, portanto, envolve a provação, a experiência, e é interessante que Paulo enfatiza o papel dos sujeitos, ao usar uma construção pleonástica; literalmente, “para o discernir vosso”, como ação contínua. Em Rm 1,28, falando dos gentios, Paulo afirma que, por “não terem julgado bom (não terem discernido) ter o conhecimento de Deus, Deus os entregou a uma mente reprovada (ou incapaz, sem valor), para fazerem coisas que não convêm”. Alguns versículos adiante, debatendo com um interlocutor fictício (um prosélito, que se fazia chamar de judeu), Paulo questiona o fato de este simpatizante das tradições judaicas afirmar “conhecer a vontade de Deus e distinguir o que vale, sendo instruído pela Lei” (Rm 2,18), mas na prática acabar contradizendo isso com a própria conduta.

O discernimento da vontade de Deus, para os seguidores de Jesus, envolve, afinal, o risco das tentativas e erros, próprio de quem deseja crescer e aprender como sujeito ativo e consciente, na linha do que o próprio Paulo expressa em sua máxima: “Examinai tudo e ficai com o que é bom” (1Ts 5,21). Daí falarmos de uma ética do discernimento em Paulo, e não de uma ética de simples preceitos e regras dadas. A capacidade mental de discernir pessoal e comunitariamente direciona ao conhecimento do verdadeiro Deus (cf. Rm 1,28) e de sua vontade (cf. Rm 12,2), por meio da abertura de cada fiel e das comunidades à ação do Espírito – abertura que permite a constante transformação pela renovação da mentalidade no tempo presente, em vista do retorno do Senhor (como vemos nos textos de Fl 1,10 e 1Ts 5,21). Trata-se, portanto, de compreender as coisas, mas sobretudo de compreendê-las corretamente, segundo a vida nova do Espírito.

A ética paulina é, de algum modo, ilustrada pelas exortações de Paulo em Rm 12-15 e por sua estratégia de exortação. Começando por exortações ou máximas gerais (sobre as quais ninguém estaria em desacordo), como a busca do bem e a rejeição do mal, o amor fraterno etc. (12,10-16a), Paulo passa a exortações do tipo “proibição”, recorrendo à Escritura (12,16b-21), instrui a respeito da obediência às autoridades (talvez em tom de ironia, usando lugares-comuns) e do temor devido a Deus (13,1-7), resume 13,1-7 à luz de 12,9 (13,8-10), dá a motivação escatológica para 12,9-13,10 e introduz 14,1-15,13. Somente ao final (14,1-23) ele vai enfrentar aquela que, provavelmente, era a questão mais séria da/s comunidade/s dos seguidores de Jesus em Roma, a saber, os conflitos envolvendo costumes judaicos e romanos relacionados a alimentos e observância de dias e festas. Aí Paulo insiste na acolhida mútua, no respeito às convicções alheias e aos mais fracos, na importância de discernir o que edifica a comunidade, na consciência de que “o Reinado de Deus não é (questão de) comida nem bebida, e sim justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (14,17). A motivação e o fundamento para a busca de relações fraternas estão no próprio Jesus, que se fez servidor e de quem a comunidade é chamada a assumir os mesmos sentimentos (15,1-13). A estratégia paulina, desse modo, orienta-se para a tomada de consciência a partir do mais fácil para o mais difícil. Valorizar o que une e sobre o que não existe divergência fortalece a comunidade e, de algum modo, capacita-a para enfrentar os problemas mais sérios, como as divisões, a falta de solidariedade e de acolhida a quem pensa diferentemente.

A ética do discernimento implica, essencialmente, a capacidade humana de aprender com as próprias experiências e, no caso dos cristãos, tudo examinar no cadinho dos princípios que estão no substrato do Evangelho. Concretamente, na Roma do século I, falando de um culto racional, Paulo não ordenava autoritariamente, mas exortava para convencer, apresentando razões e fundamentos. O culto às divindades que devia ser abandonado pode soar, para nossa sensibilidade moderna de respeito à diversidade religiosa, um desrespeito e uma contradição de Paulo, quando ele mesmo exortava ao respeito pelas diferenças de convicção. Não podemos, porém, retroprojetar em Paulo as sensibilidades atuais e pretender que ele fosse outro tipo de judeu, senão aquele transformado pelo encontro com o Ressuscitado, um judeu comissionado como apóstolo para preparar as nações como única oferenda agradável ao Deus de Israel. Mesmo porque a questão ia além e envolvia a consciência crítica dos seguidores de Jesus a respeito, por exemplo, da pax et iustitia (“paz e justiça”) propagandeadas pelo Império Romano (com os ritos domésticos e de Estado que alimentavam essa propaganda), as quais não podiam absolutamente ser confundidas com a paz e a segurança, a justiça e a fidelidade (Rm 1,17) do Deus de Jesus.

CONCLUSÃO

O culto racional era a oferta concreta da existência vivida em busca de corpos vivos e mentes inconformadas, capazes de discernir a paz e a justiça do Deus de Jesus num império marcado por guerras e mortes, com o imperador apresentando-se como o garantidor da verdadeira paz e justiça e recebendo culto. Discernir a vontade divina permanecerá sempre um desafio para os cristãos e para todos os que buscam a Deus, ainda mais nestes tempos de fake news e de “injustiça que sufoca a verdade” (Rm 1,18). É na busca, no discernimento ético que leva à ação, enfim, que vamos descobrindo nosso papel neste mundo, para ajudar a diminuir o sofrimento de tantos corpos injustiçados, assim como vislumbrar algum protagonismo autêntico para tantas mentes ditas “cristãs”, mas abduzidas do Evangelho. Não seria a fé (ou a fidelidade), afinal, a certeza compartilhada pelos que se deixam transformar ética e criticamente em relação a toda moralidade contrária ao dinamismo transformador do Evangelho de Jesus?

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Pe. Me. Paulo Bazaglia, ssp*

*é mestre em Exegese Bíblica pelo Instituto Bíblico de Roma e doutorando em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Coordenou a edição da Nova Bíblia Pastoral e é assessor editorial na área bíblica da Paulus Editora.