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Publicado em novembro-dezembro de 2025 - ano 66 - número 366 - pp. 24-31

PAPA FRANCISCO, OS POBRES E O OLHAR DE DEUS

Por Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior*

O texto apresenta uma síntese do pontificado de Francisco na perspectiva da sensibilidade de seu olhar para os pobres do mundo e de sua ternura para a criação.

Introdução

Papa Francisco foi uma graça do Divino Espírito Santo para o mundo inteiro. Foi o papa que calçou as sandálias do pescador, que usou do cajado para proteger as ovelhas de Cristo atacadas por lobos ferozes. Foi certamente um bom pastor. Era homem de sorriso fácil e alegria interior vulcânica. Foi nosso “papa” espiritual, que, como bispo de Roma, amou e defendeu a família humana e a Terra como Casa Comum. Ao assumir a defesa dos migrantes e pobres, fez-se papa profeta. Denunciou, com audácia evangélica, a violência contra homossexuais, crianças, negros, jovens, povos indígenas e mulheres, os quais sempre protegeu. Foi para cada um e para cada uma de nós um papa que não se submeteu à mentira, ao dinheiro das elites, e proclamou as bem-aventuranças do Evangelho. Ele mesmo confirmou que grande parte das lições aprendeu no colo de sua avó e de seus pais, migrantes e solidários com os pobres. Os pobres da cidade de Buenos Aires o confirmaram como padre, bispo e cardeal à disposição vocacional dos últimos. Francisco se fez um bispo completo: pastor, médico, diretor de consciências, defensor da justiça, advogado dos pobres, companheiro, missionário, místico, sábio e profeta.

A vida e a missão de Francisco nos fazem recordar bela canção, que, quarenta anos antes, prenunciava sua eleição, como profecia similar à de Jeremias no período do exílio bíblico. A música sonha com a vinda de um homem que assumiria o “modo de ser Francisco”. Cantávamos em nossas comunidades, ao final dos anos 1980, a melodia do educador jesuíta Luiz Augusto Passos, estudioso exemplar da obra de Merleau-Ponty, a qual tinha como título Canta, Francisco. Ecoava em nosso coração, como poesia ecológica e mística, a letra profética:

Nos olhos dos pobres, no rosto do mundo, eu vejo Francisco, perdido de amor. É índio, operário, é negro, é latino, jovem, mulher, lavrador e menor. Há um tempo só de paixão, grito e ternura, clamando as mudanças que o povo espera, justiça aos pequenos, ordem do Evangelho, reconstrói a Igreja na paixão do pobre. Há crianças nuas nesta paz armada, há, Francisco, povo sendo perseguido, há jovens marcados, sem teto nem sonhos, há um continente sendo oprimido. Com as mãos vazias, solidariedade, com os que não temem perder nada mais, defendem, com a morte, a dignidade, com a teimosia que constrói a paz. Canta, Francisco, do jeito dos pobres, tudo que atreveste a mudar. Canta novo sonho, sonho de esperança, que a liberdade vai chegar.

Trata-se de bela síntese do pontificado de Francisco e do modo de viver e enxergar o mundo que aprendemos dele. Ver os pobres, conviver com eles para aprender a ter o olhar de Deus, que assume a ótica dos pequenos. Deus chamou para ser papa aquele homem que se tornaria uma ponte entre culturas, povos e línguas, na semeadura de outro mundo possível, sem exclusões ou deportações xenofóbicas.

1. Deus visível na carne dos pobres

Todos havíamos aprendido, nas escolas e encontros de catequese, que a teologia devia sempre partir da confissão da fé à luz da Palavra de Deus. O teólogo belga Adolphé Gesché (1928-2003) propõe novo modo de pensar. Ele coloca Deus no começo do pensamento, da ação prática e do rigor intelectual. Deus não fica passivo, ao final do caminho, mas se faz peregrino em nossa estrada e percalços. Essa compreensão parte da profunda experiência de Deus na vida dos que creem nele e assume o cosmo, a humanidade, a Igreja e o mundo dos pobres como eminentes lugares da manifestação de Deus. Vê o mundo com o olhar de Deus. Faz que troquemos de óculos e de perspectivas. A teologia e a pastoral mergulham no interior do mundo dos pobres, no interior da humanidade, onde Deus mora, se revela e manifesta seu amor primordial. Já não se concebe o sagrado e o profano distintos e sem conexão, mas o Eterno emaranhado no provisório.

O papa Francisco professa essa fé viva e radical no Deus visível na carne dos pobres, assim como cantou, em seu hino utópico, o profeta Isaías (capítulo 11), ao falar do Deus escondido, que se revela paradoxalmente na criança e no pequeno que conduz o povo inteiro. A teologia do papa Francisco e seu jeito pastoral de agir assumem “o cheiro das ovelhas”, o que muda a reflexão, tornando-a “teoflexão” concreta, ou seja, uma inspiração daquele que silencia diante do mistério e, ao mesmo tempo, muda o próprio itinerário vital para estar nas periferias do mundo, assumindo-as. O modo de pensar se torna modo de viver, e o modo de viver se faz novo modo de pensar. Viver do jeito de Jesus para pensar do jeito de Deus. Francisco vive, em todos os seus 89 anos de vida e, de forma extraordinária, em seus doze anos de pontificado, uma conversão de lugares. Ele o vive com alegria e desprendimento. Ensina aos bispos, cardeais, padres, leigos, religiosas e ministras da catequese que podemos estar com os pobres, comer com os pobres, cantar, sonhar, sofrer e alegrarmo-nos com os pobres, para descobrir os segredos mais profundos de Deus. O apóstolo São Paulo, ao escrever o primeiro hino cristológico do Novo Testamento, inserido em Filipenses 2,6-11, propõe a palavra grega kenosis (aniquilamento) para descrever o rebaixamento do Filho de Deus à condição mortal e frágil, revelando o paradoxo de Deus, que busca o último lugar, a última pessoa, o mais subalterno dos seres, para manifestar a força da sua glória, revelando-a em Jesus, como ser pascal, o humano plenamente divino. Deus assume a condição de escravo para redimir e salvar a humanidade e o universo, ambos criados pela Palavra viva de Deus (Logos spermatikon). Aquele que tudo criou sem nós não nos salva sem nossa participação e cooperação plena. Como disse dom Helder: “Somos cocriadores da esperança e do amor”.

Assim aprendemos que os pobres são os interlocutores privilegiados de Deus e de seu Evangelho. São lugares de revelação, são sacramentos de salvação na Igreja dos pobres e são convites à conversão de quem aprendeu a conviver com os últimos. Não porque sejam bons e santos, mas porque são últimos. Assim dizia a doutora Santa Teresinha de Lisieux: “Escolham os últimos lugares”. Sigam a pequena via. Assim a mensagem e o mensageiro se interpenetram e se retroalimentam. Do que parece nada, brota o tudo. Só Deus basta! Do que parece ninguém, emerge o Sujeito. Da semente microscópica, nasce a árvore da Vida. Não há oposição entre Deus e os pobres; há conexão, o que talvez seja uma verdade profunda da fé cristã, que confirma a Trindade santa e a ressurreição vividas no testemunho fiel. Sem opção pelos pobres, não há teologia e salvação. “Fora dos pobres não há salvação”, dizia-nos Santo Oscar Romero (extra pauper, nulla salus). A teologia fala, calando, ao sentir o sopro suave do Espírito de Deus, que grita no sofrimento das pessoas em situação de rua, dos indígenas, do povo negro, dos migrantes, dos refugiados andarilhos pelo mundo. Se queres encontrar Deus e seu Cristo, anda pelos corredores dos hospitais e vê os caídos nas ruas de nossas cidades. São termômetros de Deus a indicar onde há febre e dor. Clamam por nosso amor. Gritam por nossa piedade. E seu grito atravessa nuvens e chega ao Divino Pai Eterno com mais força do que qualquer sino de bronze do mundo poderia soar. Essa inflexão do papa Francisco nos faz ver com os óculos de Deus (sub specie aeternitatis) e permite adentrar no mais íntimo de nós mesmos para compreender do que somos feitos (irmãos e irmãs) e quem é aquele Senhor Deus que fala ao nosso coração (o Abbá, Pai de Jesus) quando vemos nos pobres outros Cristos (alter Christos). Santo Agostinho sempre disse o mesmo: “Seja Cristo para seu irmão”. Na voz do papa: “Os pobres são pessoas, e em seus rostos se esconde o rosto de Cristo. Eles são sua carne, sinais de seu corpo crucificado, e nós temos o dever de chegar até eles nas periferias mais extremas e nos subterrâneos da história com a delicadeza e a ternura da mãe Igreja” (papa Francisco aos membros da Cáritas Internacional em 27/5/2019 no Vaticano).

Viemos de Deus e somos destinados para ele; somos queridos e amados pelo Pai amoroso de Jesus. Tal é nosso destino, livre e assumido. Essa é a destinação genética, que se faz escolha pessoal a cada dia. Deus é a razão de nosso existir e a força de nosso viver, na revelação da essência verdadeira de cada pessoa e do mundo criado pela sua mão. Responder a esse chamado exige compaixão e solidariedade. Não é resposta teórica ou dogmática, mas prática e amorosa. Somos mais humanos se bebemos dele e se mergulhamos no oceano que chamamos Deus criador e eterno salvador. Nele vivemos, movemo-nos e somos. Sem essa centralidade, aniquilamo-nos. A espiritualidade dos cristãos se exprime, portanto, por essa maturidade requerida pela inteligência humana quando se faz razão iluminada pela fé e entra no conflito da história ao lado dos perdedores e aniquilados. Com Cristo, por Cristo e em Cristo. Sem participar da vida dos crucificados, não podemos experimentar plenamente a força do Espírito do Ressuscitado, que arranca e quebra as cruzes do mundo, nem penetrar naquilo que nos faz ser o melhor de nós mesmos. Quem convive com os pobres vê Deus com maior nitidez e transparência. Assim ensinou o santo bispo salvadorenho Oscar Arnulfo Romero (1917-1980): “Nenhum homem se conhece enquanto não tenha se encontrado com Deus” (Romero, 1980).

São Francisco de Assis, homem-semente e modelo do papa Francisco, sempre viveu marcado pelos estigmas do Crucificado, na certeza de que, transfigurado pela cruz, participaria da festa da vida plena. O papa Francisco foi um fiel discípulo no seguimento de Jesus, ao estilo do Pobrezinho de Assis. Ele exprimiu tal missão em quatro palavras motivacionais: acolher, proteger, promover e integrar.

O que sempre moveu o papa argentino foi a certeza profunda que sabe e professa que a força que nos faz ir para dentro do mundo dos pobres é, paradoxalmente, a mesma força que nos lança para fora de nós mesmos, movidos pelo Deus trinitário que se autocomunica, se oferta plenamente aos seres humanos, criando-nos como seres de barro, silhuetas divinas marcadas pelo selo do amor. O amor personalizado da comunhão do Deus trinitário convida à comunhão, pois é na comunhão eterna de onde emerge a beleza, a bondade e a verdade. O amor assume a dor do outro em solidariedade ativa e passiva. Sentimos o que o outro sente em sua dor, pois somos movidos pela misericórdia. O outro, particularmente o pobre e oprimido, se torna um portal luminoso para ver Deus. Há aquele que pensa que é rico, mas, “tendo perdido a esperança em um horizonte transcendente, perde também o gosto pela gratuidade, o gosto de fazer o bem pela simples beleza de fazê-lo” (Francisco, 2014). A teologia do papa Francisco sempre se movia pela cruz de Cristo, visível nos crucificados da história. Os empobrecidos se tornaram, para o papa jesuíta, o horizonte maior e radical da busca sincera de Deus e o paradigma de julgamento da pertença à comunidade humana. Os pobres são o teste maior da verdade da fé. Os pequeninos têm as palavras mais radicais do julgamento divino, como bem disse Jesus: “Tive fome e me destes de comer…”.

O desejo maior do papa Francisco era que toda a Igreja assumisse ser a lua que refletisse a luz de Cristo nos lugares mais obscuros do mundo e nos porões da humanidade padecente.

2. A causa dos pobres está no coração de Deus

As Escrituras hebraicas pensam a pobreza e a riqueza como correlativas e opostas, normalmente em chave ética e moral. Não obstante essa leitura naturalizada dos pobres, os livros sagrados e os profetas têm simpatia pelos pobres e sua fidelidade ao Deus único e verdadeiro. São a reserva maior dos que amam Deus de verdade e sem interesses. Javé não os abandona (cf. Jó 5,15; Sl 72[71],12-15). Os pobres são felizes se observarem os mandamentos, mas é sempre certo que seu clamor atravessa as nuvens e chega ao Altíssimo. As Escrituras cristãs assumem a Nova Aliança com os pobres, na pessoa de Jesus de Nazaré, como anúncio do Reino, que exige opções e compromissos radicais. O Novo Testamento verá a relação entre Deus e os pobres de maneira nova e transformadora. Há uma simpatia imediata e efetiva pelos ani ou anawin, que, por estarem conscientes de sua insuficiência, esperam tudo de Deus e são cuidadores do Reino que irrompe na terra. Jesus faz-se pobre entre os pobres. Ele chama os pobres de felizes e privilegiados do Reino de Deus, assumindo-os, bem como as mulheres e as crianças, como embaixadores da Boa Notícia. Anos depois, as cartas às Igrejas no livro do Apocalipse confirmam a prática de Jesus. Esmirna é uma Igreja pobre e, por isso, plenamente rica (Ap 2,9), e Laodiceia é pobre porque é rica, morna e vomitável (Ap 3,17). Será preciso ouvir o conselho e abandonar a frivolidade e a idolatria do dinheiro. A pobreza voluntária e feliz é uma realidade para ser livre. A austeridade e a simplicidade são o estilo de vida do verdadeiro cristão. A Igreja de jeito paulino fará da partilha dos pobres um novo modo de ser Igreja missionária: a Igreja leiga e pobre de Antioquia é que faz a coleta para a Igreja mãe de Jerusalém, como óbolo da viúva que salva da miséria, pois já a viveu no corpo e na sua caminhada (cf. At 24,17). A Igreja perseguida que produziu o Evangelho de Lucas é aquela que dará o testemunho mais eloquente de fidelidade ao Cristo ressuscitado (cf. Lc 8,15). A fidelidade fundamental da Igreja sempre se realiza em sua conexão com a Palavra de Deus, coração de toda a teologia. O sangue jorrado como sangue arterial vai recolhendo o sangue venoso para purificá-lo e oxigenar o povo de Deus. De novo, os movimentos centrípetos e centrífugos se completam. Essa fidelidade exige gestos concretos de sístole e diástole. Mandar o sangue bom e purificar o sangue ruim. A fé está sempre em busca de inteligibilidade e vive a conversão cotidiana. Essa busca como Igreja e sentindo com a Igreja o desafio da vida dos pobres nos leva a proclamar que Deus é a bem-aventurança, a bênção maior da humanidade. Assim dizia o frade dominicano Marie-Dominique Chenu (1895-1990): “Aquilo mesmo mediante o qual a teologia é ciência é aquilo pelo qual ela é mística”.

A relação entre Deus e os pobres é umbilical e permanente. Assim podemos compreender uma frase lapidar de Santo Tomás de Aquino (1227-1274), o Doutor Angélico: “Para o teólogo que faz bem seu trabalho, o vinho não é enfraquecido com a água, é antes a água que se transforma em vinho”. Ou, parafraseando Blaise Pascal (1623-1662), ousamos dizer: “Todas as teologias não valem um gesto autêntico de solidariedade com os pequeninos”. Só é possível haver o gesto de amor sincero aos pobres e oprimidos se este for movido pela graça que age em nosso coração. Sem graça, toda desgraça permanece ou é manipulada. Na graça e pela graça, qualquer mal é transfigurado. A interioridade junto ao amado nos ensina que Deus sempre nos ama primeiro. Assim ouvimos Santo Agostinho de Hipona (354-430): “Ama e faz o que quiseres”. Eis a chave de uma boa teologia e a prova dos noves de qualquer teólogo engajado. Ser um “cristão da Igreja em saída” significa insistir a tempo e a contratempo diante dos opressores e sistemas que matam os pobres, como fez, durante doze anos de seu pontificado, o amado e saudoso papa Francisco (2013-2025). É preciso sair dos muros seguros das instituições religiosas, para sermos “queimados” pelo coração em chamas de Deus. Quem ama de verdade a Deus necessita amar o pequenino, o simples, o último, o que carrega fardos pesados, os enfermos, os desprezados e os esmagados no corpo e na alma. É mão dupla. Quem ama conhece a Deus, diz São João. Quem assume o pobre como outro Cristo assume o que há de mais radical no cristianismo: o amor efetivo e eletivo entre os humanos como revelação do Deus que é fonte de amor. Assim, ao lado dos pobres, fazemos teologia mística como ofertório vital. O fruto da videira se torna vinho de salvação. Ao lado dos pobres, nasce gente santa. Ao lado dos pobres certamente se está ao lado de Deus. Uma Igreja pobre para os pobres pode curvar-se e assumir o sacramento da toalha, fazendo-se tão divina por ser assim tão humana. Como exemplificou Gesché: “O cristianismo não pode dissociar a sorte de Deus e a do ser humano. É o que inscreveu a encarnação na história”. François-René de Chateubriand (1768-1848), em Os mártires, narra o episódio de um pagão e de um cristão que encontram um pobre. Como o cristão doa seu manto, o pagão diz ao cristão: “Certamente você pensou que fosse um deus?” “Não”, responde o cristão, “eu pensei que fosse um ser humano” (Gesché, 2004, p. 39).

Seguir Jesus exige rever convicções e práticas. Significa descida ao subsolo do mundo dos pobres e mergulho nesse mundo. Assim ouvimos do bispo de Roma:

Não precisamos de uma Igreja sentada e desistente, mas de uma Igreja que acolhe o grito do mundo e – quero dizê-lo e talvez alguém se escandalize – uma Igreja que suja as mãos para servir o Senhor. Irmãos e irmãs: não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé. Não uma Igreja muda, mas uma Igreja que acolhe o grito da humanidade. Não uma Igreja cega, mas uma Igreja iluminada por Cristo, que leva aos outros a luz do Evangelho. Não uma Igreja estática, mas uma Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo (Francisco, 2024).

Conclusão

Nossa tarefa atual, ao continuar o programa do papa Francisco, com a condução do papa Leão XIV, exige produzir remos para que o barco da Igreja se lance ao mar e, submetido ao Espírito Santo, acuda os náufragos que confiam suas frágeis existências àqueles que, guiados pelo Pai de Jesus Cristo, sabem que nos salvamos em comunhão. No pobre e no pequenino, Deus faz sua morada. A Igreja de Cristo Jesus, o profeta do Reino, deve manter-se fiel aos pobres, como escreveu São Gregório de Nissa: “Os pobres são os ecônomos de nossa esperança, os guardiães do Reino celeste, que abrem as portas aos justos e as fecham diante dos egoístas e maus. A prosperidade de uma só casa na cidade poderia salvar uma multidão de pobres, contanto que não se interpusesse o obstáculo da avareza e do egoísmo do patrão”.

Referências bibliográficas

FRANCISCO, Papa. Homilia na conclusão da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 27 out. 2024. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2024/documents/20241027-omelia-conclusione-sinodo.html. Acesso em: 9 jun. 2025.

FRANCISCO, Papa. Prefácio. In: MÜLLER, G. L. Pobre para os pobres: a missão da Igreja. São Paulo: Paulinas, 2014. p. 6.

GESCHÉ, A. Deus para pensar o Cristo. São Paulo: Paulinas, 2004.

ROMERO, O. La voz de los sin voz. San Salvador: UCA, 1980. p. 370.

Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior*

*é professor assistente na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); graduado em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção (Unifai) e em Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção; mestre em Teologia e Ciências da Religião pela Universidade Católica de Lovaina, Bélgica; doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP. Foi assessor de comunicação da arquidiocese de São Paulo e porta-voz dos cardeais Arns e Hummes (1994-2000). Escreve para revistas confessionais e acadêmicas sobre comunicação, religião, teologia, ética e bioética. E-mail: [email protected]