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Publicado em novembro-dezembro de 2019 - ano 60 - número 330 - Pág. 03-10

Em busca de uma “Igreja autêntica” após o Sínodo sobre os jovens

Por Filipe Domingues

Neste artigo, vamos refletir brevemente sobre a autenticidade, com base na experiência nos encontros pré-sinodais e no Sínodo dos Bispos, e estimular uma reflexão mais profunda nas comunidades sobre como vivê-la nos ambientes eclesiais, particularmente na pastoral e nos movimentos dedicados aos jovens.

Introdução

Após sua visita ao Panamá para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no voo de retorno a Roma, em 27 de janeiro de 2019, o papa Francisco foi perguntado pelo jornalista Javier Martínez-Brocal sobre  as dificuldades que os jovens encontram e por que se afastam da Igreja. Sem titubear, Francisco disse que muitos são os motivos para alguém se afastar da Igreja – e, em grande parte, são questões pessoais. “Mas, em geral, creio que o primeiro motivo seja a falta de testemunho dos cristãos”, pontuou o santo padre (FRANCISCO, 2019).

“Se um pastor atua como empresário ou organizador de um plano pastoral, se um pastor não é próximo às pessoas, esse pastor não dá testemunho de pastor. O pastor deve estar com as pessoas; pastor e rebanho”, disse o papa, no avião (FRANCISCO, 2019). Para ele, o verdadeiro bom pastor deve caminhar à frente das ovelhas, para indicar o caminho, mas também misturar-se no meio do rebanho e, por vezes, cuidar da retaguarda, para que nenhuma se perca.

Durante o percurso que preparou o Sínodo dos Bispos sobre a juventude, cuja assembleia geral foi realizada em outubro de 2018 com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, ficou muito claro que os jovens de hoje são, de fato, bastante exigentes com a Igreja.

Talvez este seja o momento histórico em que os jovens têm o mais amplo acesso à informação. Eles têm um senso crítico aguçado e são estimulados por amigos e parentes a questionar frases de efeito e clichês. Por um lado, nunca foram tão preparados para enfrentar os desafios do mundo globalizado, em que pesem as disparidades regionais e sociais; por outro, também como nunca antes, faltam-lhes oportunidades de pôr em prática esses anseios e, mais ainda, faltam-lhes modelos, heróis, bons exemplos que lhes sirvam de orientação.

Em uma sociedade marcada pela imagem, pelas mídias digitais e pela falta de modelos visíveis de fé, caridade e esperança, os jovens demandam dos líderes da Igreja, mais do que nunca, um testemunho de vida exemplar. Falam sobre tudo, têm acesso a quase tudo e já não aceitam respostas prontas. Querem conhecer a verdade dos fatos, mas não que esta lhes seja imposta. Reconhecem as próprias fraquezas, mas não admitem que outros os julguem de forma precipitada. Querem fazer parte dos processos e, principalmente, das decisões.

Na reunião pré-sinodal, que reuniu cerca de 300 jovens em Roma e outros 15 mil pelo Facebook, a juventude foi convidada a fazer parte do diálogo e transmitiu a forte mensagem de que sua presença e participação na vida eclesial só fazem sentido em uma Igreja “autêntica”.

1. Uma Igreja autêntica

Não é novidade dizer que a fé cristã verdadeira se espalha no mundo, sobretudo por meio do testemunho de vida, e não tanto pela persuasão, pelo convencimento ou pelo puro proselitismo. O sangue dos mártires é a maior prova disso: seu modelo de fé incondicional acaba se tornando semente de novos discípulos e de sólidas vocações.

A ideia de que o testemunho é essencial para a transmissão da fé vem sendo difundida há muitos anos na tradição cristã, mas a Igreja deu particular ênfase a esse ponto após o Concílio Vaticano II. Quando o mundo vivia profundas transformações, modernizações, os padres conciliares perceberam que não bastava impor a ferro e fogo as verdades do cristianismo; era preciso viver a mensagem de Cristo, dialogar com o mundo e anunciar seu evangelho pelo exemplo de vida.

Na exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, de 1975, o papa Paulo VI, sob o qual o Concílio foi concluído, escreve claramente sobre a importância primordial do testemunho de vida no anúncio do evangelho:

E esta Boa-Nova há de ser proclamada, antes de mais nada, pelo testemunho. Suponhamos um cristão ou punhado de cristãos que, no seio da comunidade humana em que vivem, manifestam a sua capacidade de compreensão e de acolhimento, a sua comunhão de vida e de destino com os demais, a sua solidariedade nos esforços de todos para tudo aquilo que é nobre e bom. Assim, eles irradiam, de um modo absolutamente simples e espontâneo, a sua fé em valores que estão para além dos valores correntes, e a sua esperança em qualquer coisa que se não vê e que não se seria capaz sequer de imaginar. Por força deste testemunho sem palavras, estes cristãos fazem aflorar, no coração daqueles que os veem viver, perguntas indeclináveis: Por que é que eles são assim? Por que é que eles vivem daquela maneira? O que é, ou quem é, que os inspira? Por que é que eles estão conosco? (EN 21).

Foi dessa linha de pensamento que nasceram muitos novos movimentos e comunidades de vida apostólica após o Concílio – além de inúmeros fiéis, mulheres e homens de fé, que se esforçam para viver, no dia a dia, os valores e o exemplo de Cristo no meio do mundo.

Trata-se de evangelizar o mundo por meio do encontro com o outro, com o diferente – e não por meio de sua destruição, para que, no fim, todos sejam iguais, o que seria uma expressão do fundamentalismo. Na mesma linha, vem a ideia de “inculturar” a fé cristã em diferentes lugares, contextos culturais e tradições.

Portanto, ser missionários no mundo não se limita a convencer os outros da Verdade que orienta a fé cristã e simplesmente distribuir os sacramentos, de forma compulsiva – embora não se questione, aqui, o valor imensurável dos sacramentos. Em vez disso, fala-se de sair pelo mundo e testemunhar o exemplo de Jesus Cristo, inspirar-se nos santos e pedir a orientação do Espírito Santo em processos de discernimento pessoal e coletivo – isto é, na tomada de decisões –, além de viver os sacramentos como combustível para ser luz no mundo, em contato direto com o Deus vivo.

A resposta do papa Francisco ao jornalista da agência Rome Reports, na coletiva de imprensa durante o retorno a Roma, – mencionada no início do artigo – traz novamente à tona a reflexão sobre quanto os membros da Igreja ainda precisam crescer no testemunho de vida. A inabilidade, o pecado e a falta de misericórdia de muitos membros da Igreja com relação à juventude contemporânea estão entre os motivos que afastam os jovens da comunidade de fé.

Voltando ao papa Paulo VI – ele mesmo canonizado durante o Sínodo dos Bispos sobre os jovens, juntamente com Santo Óscar Romero e outros santos –, podemos dizer que todos os cristãos são chamados a testemunhar sua fé como “verdadeiros evangelizadores”, numa espécie de “proclamação silenciosa, mas muito valiosa e eficaz”. Daí surgirão perguntas, diz São Paulo VI, entre os não cristãos ou batizados não praticantes, ou mesmo entre os que “não são nada cristãos”.

Alguns começarão a se questionar se há um “algo a mais” na vida que os pode acompanhar em situações de sofrimento. “E outras perguntas surgirão, depois, mais profundas e mais de molde a ditar um compromisso, provocadas pelo testemunho aludido, que comporta presença, participação e solidariedade e que é um elemento essencial, geralmente o primeiro de todos, na evangelização” (EN 51).

O fato de anunciar “silenciosamente” o evangelho por meio do testemunho de vida não impede nem inibe o anúncio explícito. Pelo contrário, é necessário responder, dialogar, aprofundar a fé tanto racionalmente quanto na vida de oração e nos gestos concretos de caridade e perdão, para que ela seja realmente enraizada. Aí entram a catequese, a direção espiritual e, de forma mais geral, novas formas de acompanhamento individualizado – uma das principais propostas do Sínodo sobre os jovens.

Continua o papa Paulo VI: “A evangelização, por tudo o que dissemos, é uma diligência complexa, em que há variados elementos: renovação da humanidade, testemunho, anúncio explícito, adesão do coração, entrada na comunidade, aceitação dos sinais e iniciativas de apostolado” (EN 24).

Sem o testemunho de vida, porém, o anúncio explícito da fé perde em credibilidade e coerência. Essa mensagem é válida ainda hoje, e é precisamente essa a crítica que os jovens fazem aos membros da Igreja na atualidade.

Hipocrisia, moralismo, abusos sexuais, de poder e de consciência, rigidez excessiva, clericalismo, “panelinhas”, narcisismo, nervos à flor da pele, falta de tempo, divisão, discurso de ódio nas redes sociais… Tudo isso é contrário ao exemplo de Cristo, à sua comunidade, aos valores do evangelho e depõe contra o testemunho de comunhão junto aos jovens.

2.Viver o que pregar e reconhecer os erros

Com base na experiência com os jovens na reunião pré-sinodal e com os padres sinodais na assembleia geral do Sínodo, podemos dizer, portanto, que uma Igreja autêntica é, primeiro, uma que vive aquilo que prega e, segundo, uma que reconhece os próprios erros.

A maioria dos jovens da atualidade não aceitam que pessoas da Igreja venham lhes ditar como viver sua vida, sobretudo se percebem que esses “diretores” mesmos não vivem de forma coerente com a mensagem que transmitem.

Como acreditar em um padre que prega a humildade, mas vive em condomínio de luxo ou dirige o carro do ano? Como crer em uma catequista que manda pensar nos dez mandamentos para a confissão, mas vive falando mal dos outros? Como compreender a castidade se a maioria dos que se casam na Igreja e muitos ministros, ordinários e extraordinários, não parecem se preocupar muito com ela? Como sentir-se atraído pelo sacramento da reconciliação se o sacerdote parece mais um inquisidor do que um pastor que orienta e mostra o caminho? Como aceitar o discurso que expõe os pecados dos homossexuais se na própria Igreja há tantas pessoas com essa orientação? Como ver no bispo um verdadeiro pastor se ele nunca aparece na paróquia? Como se convencer de pagar o dízimo se não se sabe para onde vai o dinheiro doado?

São perguntas que os jovens fazem a si mesmos e aos outros, abertamente, sem medo e sem tabu. Se os membros da Igreja fugirem dessas e de muitas outras questões concretas – mantendo certa “distância de segurança” dos jovens, como diz o papa Francisco –, jamais serão capazes de transmitir às gerações futuras a rica herança da fé que receberam das gerações anteriores.

Embora sejam perguntas fortes, direcionadas especialmente àqueles que estão em papéis de liderança, são válidas e ajudarão a comunidade de fé a ser mais transparente e mais madura.

Isto pediram os jovens à hierarquia da Igreja: “Queremos dizer, especialmente à hierarquia da Igreja, que ela deve ser uma comunidade transparente, acolhedora, honesta, convidativa, comunicativa, acessível, alegre e interativa” (PRE-SYNODAL MEETING, 2018, n. 11).

São demandas que parecem pesadas, mas a comunidade enraizada na “alegria do evangelho” supera dificuldades para praticar as virtudes. Isso não quer dizer que os jovens só exijam da Igreja e nada queiram dar. Eles reconhecem que têm muito a aprender dos mais velhos e não são capazes de fazer tudo sozinhos – precisam de acompanhamento.

Se, porém, os membros da Igreja não vivem o que pregam – ou nem sequer se esforçam para tal –, jamais os jovens encontrarão nela a autenticidade e a inspiração de que precisam para chegar a um encontro pessoal com Jesus Cristo.

Portanto, uma Igreja que vive o que prega não é feita só de palavras, de regras a serem seguidas, mas de mulheres e homens que são modelos de vida e praticam a comunhão.

A Igreja autêntica da qual falavam os jovens reconhece seus erros. Ela tem orientações claras, guia-se por bonitos ideais, é verdade, mas também admite que o caminho é tortuoso para todos e está disposta a correr atrás das ovelhas perdidas, encontrando-as onde quer que estejam.

Sabemos que a Igreja é santa, mas seus membros são pecadores. Somos todos falhos, humanos, frágeis e precisamos da misericórdia de Deus. “Quando um membro sofretodos os outros sofrem com ele”, já dizia São Paulo (1Cor 12,26).

Ao pedirem que os membros da Igreja sejam modelos de vida e testemunhos de fé, os jovens não exigem que todos sejam perfeitos. Obviamente, o chamado à santidade é para todos, como ensina o papa Francisco na Gaudete et Exsultate. No entanto, o que os jovens diziam no processo sinodal é que só uma Igreja que reconhece suas fragilidades é capaz de falar aos que também se sabem imperfeitos. “Se a Igreja agir dessa forma, vai se diferenciar de outras instituições e autoridades de que os jovens, em sua maioria, já desconfiam”, escrevem no documento pré-sinodal (PRE-SYNODAL MEETING, 2018, n. 11).

Os jovens admitem que precisam
de ajuda para compreender e superar as dificuldades da vida, para aprender como se levantar quando houver uma queda; dessa forma, somente fiéis que se ponham na mesma condição de pecadores redimidos serão credíveis para orientá-los.

A Igreja que reconhece seus erros é autêntica porque é real. É próxima aos jovens e os vê como parte do corpo de Cristo, e não como meros receptores de mensagens pré-fabricadas por pessoas mais velhas. É uma Igreja cujos líderes são humildes, transparentes e misericordiosos.

3. A pessoa de Jesus Cristo para os jovens

Durante todo o percurso sinodal, boa parte dos debates se concentrou, naturalmente, na pessoa de Jesus Cristo e em como os jovens o veem. Muitos reconhecem em Jesus importante personagem histórico, “um homem bom”, que transmitiu mensagens de amor e paz. Nem todos, contudo, veem nele o Deus encarnado entre nós, o Emanuel que nasceu na noite de Natal.

Outros, ainda, até aceitam que Jesus é o Filho de Deus, mas não encontram na Igreja ou em seus membros os principais representantes de Cristo na terra. Admiram a pessoa de Jesus, mas não creem que a Igreja seja o lugar certo para encontrá-lo. Preferem um contato individual e “direto com Deus”.

Alguns jovens observaram que muitos se questionam sobre o sentido da vida, mas não chegam a se comprometer decisivamente com Jesus ou com a Igreja, diz o documento pré-sinodal (PRE-SYNODAL MEETING, 2018, n. 5):

Hoje, a religião não é mais vista como o meio principal através do qual um jovem procura por significado, pois muitas vezes recorrem a outros meios e ideologias modernas. Os escândalos atribuídos à Igreja – tanto reais quanto percebidos – afetam a confiança dos jovens na Igreja e nas instituições tradicionais em que ela se encontra.

Não obstante, muitos jovens têm a sorte de conhecer pessoas que, apesar de seus limites, buscam viver o evangelho, e assim eles se sentem encorajados a fazer o mesmo. Muitos encontram em Maria, mãe de Jesus, um modelo de amor incondicional a Deus e, por meio dela, chegam a Jesus.

Para esses, “a Igreja chama a atenção dos jovens por estar enraizada em Cristo. Cristo é a Verdade que faz a Igreja diferente de qualquer outro grupo mundano com o qual podemos nos identificar”, diz o mesmo documento (PRE-SYNODAL MEETING, 2018, n. 11). “Portanto, pedimos à Igreja que continue proclamando a alegria do evangelho com a orientação do Espírito Santo.”

Como dizia o papa Bento XVI, muitos cristãos conhecem mal o núcleo da própria fé. Portanto, “Hoje não está muito distante o risco de construir, por assim dizer, uma religião personalizada. Ao contrário, temos que voltar para Deus, para o Deus de Jesus Cristo, temos que redescobrir a mensagem do evangelho, fazê-lo entrar de modo mais profundo nas nossas consciências e na vida cotidiana” (BENTO XVI, 2012).

Precisamos, portanto, de uma Igreja mais parecida com Jesus – o que é fácil de falar, mas difícil de fazer. No documento dos jovens, eles afirmam que são mais receptivos a uma “literatura da vida” do que a complexos discursos teológicos.

Uma maneira de reconciliar as confusões que os jovens têm em relação a quem é Jesus envolve um retorno às Escritura, para entender mais profundamente a pessoa de Cristo, Sua vida e Sua humanidade. Os jovens precisam encontrar a missão de Cristo, e não o que podem perceber como uma expectativa moral impossível. No entanto, eles se sentem inseguros sobre como fazer isso. Esse encontro precisa ser promovido entre os jovens, algo que precisa ser tratado pela Igreja (PRE-SYNODAL MEETING, 2018, n. 6).

Já os padres sinodais notaram que a narrativa dos discípulos de Emaús pode ser a metáfora mais adequada para tratar do desejo da Igreja de acompanhar os jovens. Conforme o Evangelho segundo São Lucas (24,13-15), Jesus caminhava com os discípulos, que andavam em direção oposta a Jerusalém. Somente após reconhecerem Jesus, que se revela a eles no caminho, resolvem segui-lo.

O Sínodo expressa o desejo da Igreja de falar a todos os jovens. Todos, sem exceção. Não se trata de escolha óbvia, mas desafiadora e correta. Para isso, os padres sinodais almejam uma Igreja que escute e enxergue os jovens com empatia. Mais do que isso, querem identificar “o rosto jovem da Igreja”, não vendo nos jovens uma categoria à parte, marginalizada e convocada somente para grandes eventos ou em caso de “força-tarefa”.

“Enquanto Deus, a religião e a Igreja não passam de palavras vazias para numerosos jovens, os mesmos mostram-se sensíveis à figura de Jesus, quando ela é apresentada de modo atraente e eficaz”, afirma o documento final do Sínodo dos Bispos (2018, n. 50). Muitos jovens querem ver Jesus, encontrá-lo no dia a dia e por meio de liturgias e encontros comunitários vivos, atrativos e “capazes de tocar a sua vida cotidiana” (SÍNODO DOS BISPOS, 2018, n. 51).

Conclusão

A única forma de os membros da Igreja demonstrarem sua autenticidade às novas gerações é entrando em relação com os jovens. Só é possível testemunhar a fé junto aos jovens por meio de uma relação direta, aberta e honesta. Como diz o papa Francisco, o anúncio do Cristo ressuscitado não segue a mesma lógica do marketing (cf. CERNUZIO, 2018).

Os jovens dos tempos atuais se sentem atraídos por exemplos concretos. Histórias de superação, de pessoas que viviam em dificuldade, mas conseguiram se reerguer, por exemplo, são mais convincentes e realistas do que ícones aparentemente inalcançáveis. Além disso, “pôr a mão na massa”, ajudando o próximo, reformando coisas antigas e dialogando com os diferentes, especialmente com os idosos, é, muitas vezes, mais eficaz do que sentar-se na sala de aula e ouvir um catequista falar. Refletir sobre as Escrituras com um orientador capaz e de linguagem acessível é, frequentemente, algo muito apreciado pelos jovens.

Aprender diferentes formas de oração que vão além da santa missa, como retiros espirituais, a adoração eucarística, a oração em contato com a natureza e até mesmo as vinculadas ao uso de aplicativos e recursos digitais, pode ajudar os jovens a desenvolver uma vida espiritual mais madura. Não basta insistir nas orações repetitivas que aprendemos quando crianças.

Nada disso significa abandonar as tradições ou o ensinamento da Igreja, mas sim reapresentá-los de forma criativa e não necessariamente só no contexto da celebração dos sacramentos e de encontros vocacionais. Para isso, a Igreja precisa de acompanhadores bem formados, inclusive leigos e pessoas consagradas.

Permanece, do Sínodo, o convite a todos os jovens para que se sintam bem-vindos na Igreja. Os padres sinodais fizeram uma “escolha epocal” pelos jovens, e querem que a juventude seja parte da Igreja em todos os momentos.

É preciso transmitir, portanto, a garantia de que as portas da Igreja estão sempre abertas. Apesar de suas fraquezas, dúvidas, problemas na família e no trabalho, se os jovens sentirem que na Igreja se vivem relações frutíferas e sinceras, perceberão que, mesmo em um mundo cheio de incertezas, a Igreja pode ser para eles uma grande certeza: um lugar seguro e acolhedor que os aproxima de Jesus Cristo.

Referências bibliográficas

BENTO XVI. Audiência geral, 17 out. 2012. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2012/documents/hf_ben-xvi_aud_20121017.html>. Acesso em: 17 mar. 2019.

CERNUZIO, S. Il papa: annunciare Cristo non è né proselitismo, né marketing. Vatican Insider, 30 nov. Disponível em: <https://www.lastampa.it/2018/11/30/vaticaninsider/il-papa-annunciarecristo-non-n-proselitismo-n-pubblicit-n-marketing-QRN0qUb6JvZTBZJ3wa7rGI/pagina.html>. Acesso em: 28 mar. 2019.

FRANCISCO. Conferência de imprensa durante o voo de regresso a Roma, 27 jan. 2019. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2019/january/documents/papa-francesco_20190127_panama-volo-ritorno.html>. Acesso em: 26 mar. 2019.

PAULO VI. Exortação apostólica Evangelii Nuntiandi. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/apost_exhortations/documents/hf_p-vi_exh_19751208_evangelii-nuntiandi.html>. Acesso em: 27 mar. 2019.

PRE-SYNODAL MEETING. Final document, 24 mar. 2018. Disponível em: <http://www.synod2018.va/content/synod2018/en/news/final-document-from-the-pre-synodal-meeting.html>. Acesso em: 19 mar. 2019.

SÍNODO DOS BISPOS. Documento final do Sínodo dos Bispos: os jovens, a fé e o discernimento vocacional27 out. 2018. Disponível em: <http://www.synod2018.va/content/synod2018/pt/documentofinal-del-sinodo-dos-bispos–os-jovens–a-fe-e-o-disce.html>. Acesso em: 26 mar. 2019.

Filipe Domingues

Jornalista, mestre e doutorando em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Gregoriana, foi membro da comissão redatora do documento pré-sinodal e participou do Sínodo dos Bispos sobre os jovens na condição de “experto” em questões relativas à ética nas redes sociais.