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Publicado em maio-junho de 2021 - ano 62 - número 339 - pág.: 32-38

Minicurso “com Marcos no seguimento de Jesus”

Por Jadelmir Vitório* e João Paulo Goes Sillio**

Este artigo é fruto de uma live realizada pelo Pe. João Paulo Sillio (arquidiocese de Botucatu-SP) com o Pe. Jaldemir Vitório. Trata-se de uma chave de leitura para entender a teologia do Evangelho segundo São Marcos. O autor se concentra na perícope de Marcos 6,1-10,52, considerando esse trecho como o eixo do Evangelho. A abordagem põe em questão a crise e a profissão de fé da comunidade marcana.

 

Introdução

Considera-se o Evangelho de Marcos como uma catequese narrativa – ou seja, não é uma biografia de Jesus. Marcos está preocupado com a fé da comunidade e quer ajudá-la a perseverar nessa fé. O ponto de partida é a vivência da fé. Os membros da comunidade estão passando por uma crise, e Marcos vai ajudá-los a se fortalecerem no seguimento de Jesus. O evangelista recorre à história de Jesus, à tradição sobre ele, e usa o que tem à disposição e que pode ajudar a comunidade. Nas entrelinhas do Evangelho, vamos percebendo as luzes que Marcos busca despertar. Mostraremos como Mc 6,1-10,52 ocupa um lugar importante no conjunto da narrativa, pois aí acontece a revelação do segredo messiânico, elemento fundamental para a compreensão daquela catequese. No final, vamos tirar algumas conclusões para a vivência da fé hoje.

Catequese narrativa: Marcos 6-10

Esquema

1. Marcos: catequese narrativa para uma comunidade questionada em sua fé

2. O Messias crucificado e o desafio da evangelização

3. O segredo messiânico na catequese marcana

4. Mc 6,1-10,52: parte de um mosaico narrativo

5. Leitura de três perícopes:

a) Mc 6,1-6a – Jesus rejeitado em sua pátria

b) Mc 8,27-30 – profissão de fé feita por Pedro

c) Mc 10,46-52 – cura do cego de Jericó

6. Uma catequese para os discípulos e as discípulas de Jesus de Nazaré

1. Marcos: catequese narrativa para uma comunidade questionada em sua fé

a) Os membros da comunidade de Marcos e a comunidade de Lucas vinham da gentilidade, de outras religiões, de outros contextos religiosos. Isso é importante, porque a mensagem de Jesus deriva do judaísmo, e é preciso ajudar quem não pertence a essa cultura a entender a mensagem. Marcos tem de passar a mensagem de Jesus, mas a comunidade marcana não tem como entender. No começo, o movimento de Jesus era um movimento dentro do judaísmo; Jesus não fundou nenhuma igreja, nenhuma religião. Ele formou um grupo para levar essa riqueza espiritual a todos os povos. Como diz o Evangelho de Marcos, lá no final: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Isso é importante, para não pensarmos que Jesus fundou a Igreja católica, apostólica, romana lá no século I e ler o Evangelho com essa mentalidade. Não, Jesus criou um movimento dentro do judaísmo, dentro de sua religião. E esse movimento consistia em viver radicalmente a fé de Israel e levar essa fé para todos os povos, indistintamente.

Mc 7,2-4 dá a entender que, em se tratando de uma comunidade não judaica, seus membros desconheciam a tradição de Israel: “E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com mãos impuras, isto é, sem as lavar. Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal”.

Marcos colocou isso no Evangelho dele, mas tinha de explicar, porque os leitores da comunidade não entendiam os costumes dos judeus. Uma coisa dessas não se encontra nem no Evangelho de Mateus nem no de João, porque Marcos tem de explicar que isso aconteceu aqui com Jesus, porque na religião de onde ele veio era assim. Quando se lê o Evangelho, é preciso prestar atenção, porque Marcos vai apresentar situações como essa.

b) Os problemas vividos pela comunidade, que é questionada em sua fé, motivam o evangelista a oferecer-lhe luzes para que persevere em meio às muitas adversidades. Portanto, o foco de interesse do evangelista consiste em reforçar a fé dos irmãos e irmãs, e não produzir uma biografia de Jesus.

c) Nas entrelinhas do Evangelho estão iluminações para os problemas de fé da comunidade. O estilo narrativo permite ao evangelista dar a palavra a Jesus e mostrar seu modo de proceder e ensinar. Assim, o leitor-ouvinte tem a chance de responder à questão de fundo de todo o Evangelho: “Quem é Jesus?” Isso em vista de se tornar discípulo e apóstolo. Trata-se de resposta não teórica, mas empírica, existencial. Para os cristãos, é mais importante o Jesus revelado com a vida do que com palavras. O rosto verdadeiro da fé é o rosto da misericórdia.

2. O Messias crucificado e o desafio da evangelização

O nó da vida das comunidades cristãs foi a morte de Jesus crucificado. No começo do cristianismo, um ponto difícil de tratar foi a morte de Jesus.

a) A eliminação de Jesus foi decidida no início do Evangelho: “Ao se retirarem, os fariseus com os herodianos imediatamente tomaram uma decisão (syboülion dídomi – decretar uma sentença) contra Jesus sobre como o destruiriam (apólymi)” (Mc 3,6).

Quem lê hoje o Evangelho de Marcos não faz a leitura da forma como as pessoas entendiam, naquele tempo, a morte do crucificado. No final, Marcos vai dar uma resposta muito diferente do “senso comum”. O ponto do conflito dos que queriam acabar com Jesus é o modo de viver a fé. Naquele tempo, havia uma corrente que tendia a reduzir a fé à prática da Lei de Moisés, e eles, os fariseus, ficavam pondo isso na cabeça das pessoas. Jesus deu um salto, não se deteve na letra da Lei, mas foi às raízes da religião de Israel; ele falava do Deus das fontes da fé, um Deus não contaminado. Certa vez eu estava orientando um retiro em São Paulo e perguntei aos presentes: “Vocês têm a coragem de beber a água do Tietê?” As pessoas responderam que não, e então expliquei que se tratavam das fontes do rio Tietê. Assim fez Jesus, ele foi às fontes. A turma da Lei não aceitou, e aí começou a perseguição. Eles achavam que Jesus era um blasfemo, alguém que estava ofendendo a Deus. Isso ocorre até hoje. Vejamos o que fazem com o papa Francisco. Um grupinho conservador dentro da Igreja listou até as “heresias” de Francisco. Eles preferem beber a água contaminada.

b) A escolha da morte na cruz tinha a intenção de fazer cair por terra qualquer pretensão de Jesus de ser obediente e fiel a Deus, na condição de seu Filho, pois, de acordo com Dt 21,23: “Será maldito de Deus todo aquele que for suspenso”. Elevado na cruz, Jesus estava sendo declarado maldito, de acordo com as Escrituras; uma morte pela qual ele seria desmoralizado desde as bases. Por isso, o Evangelho deverá mostrar que o Crucificado não é um maldito de Deus, mas, ao contrário, é o Filho amado do Pai, a quem foi inteiramente obediente e fiel.

c) Na comunidade de Marcos havia muita gente ligada ao Império Romano. Neste, a morte de cruz – da qual os cidadãos romanos eram poupados, exceto nos casos de alta traição ao império – estava reservada para os escravos e os piores criminosos. Como os cristãos haveriam de anunciar a salvação vinda de um crucificado? A rejeição seria imediata! Daí a importância de mostrar como Jesus foi crucificado, vítima da intolerância, da perseguição e da injustiça, pois só fez o bem. Portanto, não é um marginal. Para tornar ainda mais séria essa questão da maldição,  Jesus morre pobre, sem nada, a ponto de ter sido pregado despido; morre jovem; e morre sem deixar descendência: três sinais da maldição, do castigo de Deus, na visão da teologia da retribuição. Na morte de cruz, Jesus carregava esse traço da maldição. Marcos, porém, vai mostrar que ele é o bendito de Deus, respondendo quem é Jesus e mostrando que vale a pena ser discípulo dele, mesmo que se venha a compartilhar do seu destino.

3. O segredo messiânico na catequese marcana

a) Fato narrativo: O evangelista começa sua narrativa com uma afirmação – “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1) –, mas, depois, parece esconder a identidade de Jesus, o Cristo (= Messias). A isso se chamou segredo messiânico.

No batismo, a voz se dirige apenas a Jesus – “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Mc 1,11) –, enquanto, no Evangelho de Mateus, a voz fala às multidões: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 4,17).

b) Quando faz um milagre e os demônios demonstram conhecer sua identidade, Jesus os proíbe de dizer quem ele é:

• Mc 1,23-25: “[…] ‘Sei que tu és o santo de Deus’. Mas Jesus intimou-o, dizendo: ‘Cala-te, sai deste homem!’”

• Mc 3,11-12: “[…] Gritavam: ‘Tu és o Filho de Deus!’ E Jesus os proibia severamente, para que não o tornassem conhecido.”

c) Os miraculados também eram proibidos de revelar a identidade de Jesus:

• Mc 1,44 (cura do leproso): “Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés, para lhe servir de testemunho.”

• Mc 5,43 (cura da filha do chefe da sinagoga): “Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse e mandou que lhe dessem de comer.”

• Mc 7,36 (cura do surdo-mudo): “Proibiu-lhes que o dissessem a alguém.”

• Mc 8,26 (cura do cego): “E mandou-o para casa, dizendo: ‘Não entres nem mesmo na aldeia’.

d) Também os discípulos foram proibidos de revelar a identidade messiânica de Jesus:

• Mc 8,30 (após a revelação da identidade de Jesus por Pedro): “E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele.”

• Mc 9,9 (após a transfiguração): “Ao descerem do monte, proibiu-lhes Jesus que contassem a quem quer que fosse o que tinham visto, até que o Filho do Homem houvesse ressurgido dos mortos.”

e) O segredo messiânico em Marcos pode ter três fundamentos:

• Corresponderia a uma atitude do Jesus histórico. Como havia uma febre messiânica e se esperava um messias nacionalista e poderoso, que expulsaria os romanos e instauraria o reino de Davi, Jesus se afastou dessas expectativas por não corresponderem à sua consciência de Messias Servo. Mc 10,45: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos”. Sua identidade messiânica seria entendida no final de sua vida, para mostrar que ele é o Messias servidor.

• Corresponderia a um artifício narrativo do Evangelho para falar da identidade messiânica de Jesus. O leitor-ouvinte deverá tirar suas conclusões a respeito do messianismo de Jesus ao contemplá-lo pregado na cruz, após ter lido/escutado todo o Evangelho.

• Corresponderia a uma atitude de Jesus que o evangelista transformou em artifício narrativo, fazendo-o perpassar toda a catequese.

4. Mc 6,1-10,52: parte de um mosaico narrativo (Mc 1-16)

Abertura: Mc 1,1-13 – Anúncio de João Batista e batismo de Jesus

1ª Parte: Quem é este? Que Reino anuncia? Será ele o Messias?

1,14-3,6 – O início na Galileia e os primeiros discípulos

3,7-5,43 – Os Doze, palavras e gestos do Reino

6,1-8,26 – Missão e multidão para todos

2ª Parte: O Messias diferente: Filho do Homem, servo e Filho de Deus

8,27-10,52 – Profissão de fé no Messias e o caminho do seguimento

11,1-13,37 – Conflito e pregação em Jerusalém

14,1-16,8 – Paixão, morte, ressurreição. Volta à Galileia

Epílogo: 16,9-20 – Depois da ressurreição

5. Leitura de três perícopes

a) Mc 6,1-6a – Jesus rejeitado em sua pátria

Saindo dali, Jesus foi para sua própria terra. Seus discípulos o acompanhavam. No sábado, ele começou a ensinar na sinagoga, e o acompanhavam muitos dos que o ouviam, e se admiravam: “De onde vem isso?”, diziam. “Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E suas irmãs, não estão aqui conosco?” E mostravam-se chocados com ele. Jesus, então, dizia-lhes: “Um profeta não é estimado em sua própria terra, entre os parentes e na própria casa”. E não conseguia fazer ali nenhum milagre, a não ser impor as mãos a uns doentes. Ele se admirava da incredulidade deles.

Esse ponto mostra a dificuldade que as pessoas tinham de entender a missão de Jesus.

b) Mc 8,27-33 – profissão de fé feita por Pedro (v. 27-30)

Momento em que o segredo messiânico é revelado. Ou seja, é a hora em que vem à tona aquilo que até então tinha sido escondido.

Jesus e seus discípulos partiram para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho, ele perguntou aos discípulos: “Quem dizem as pessoas que eu sou?” Eles responderam: “Uns dizem João Batista; outros Elias, outros ainda um dos profetas”. Jesus, então, perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo”. E Jesus os advertiu para que não contassem isso a ninguém.

Pedro censurado (v. 31-33)

Jesus começa a colocar os “pingos nos is”. Ele era o Cristo, sim, mas não o Cristo glorioso, poderoso, que iria mandar em todos os romanos. Ele mostrou outro rosto do messianismo, que ninguém em Israel esperava. “Vai para trás”, porque o discípulo segue o Mestre, e Pedro tem a ousadia de querer ensinar Jesus. Quando Jesus chama Pedro de satanás, “satã”, refere-se àquele que é adversário, inimigo. Não inimigo de Jesus, mas inimigo de Deus, ao tentá-lo, para que buscasse a glória, a grandeza. Por isso, no pai-nosso, Jesus nos ensina a rezar: “Não nos deixeis cair em tentação” – a tentação de buscar um messianismo sem cruz, glorioso.

E começou a ensinar-lhes que era necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e depois de três dias ressuscitar. Falava abertamente. Então, Pedro, chamando-o de lado, começou a censurá-lo. Jesus, porém, voltou-se e, vendo os seus discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: “Vai para trás de mim, satanás! Pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim as dos homens!”

c) Mc 10,46-56 – cura do cego de Jericó

No Evangelho de Marcos, tal relato é colocado num lugar bem preciso de catequese. Chegando a Jericó, o grupo vai começar a subir para Jerusalém, onde Jesus será crucificado. Esse cego curado representa as pessoas que vão seguir Jesus, mas o fazem de olhos abertos. Quem seguir Jesus na cegueira, sem discernimento, vai se decepcionar com ele. O que fora cego vai segui-lo até Jerusalém e não vai se decepcionar com o crucificado. Marcos quer dizer que quem quer ser discípulo de Jesus tem de deixar de lado suas cegueiras, senão não entenderá que Deus está com ele.

Chegaram a Jericó. Quando Jesus estava saindo da cidade, acompanhavam-no os discípulos e uma grande multidão. O mendigo cego, Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. Ouvindo que era Jesus Nazareno, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim”. Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais alto: “Filho de Davi, tem compaixão de mim”. Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram, dizendo: “Coragem, levanta-te! Ele te chama!” O cego jogou o manto fora, deu um pulo e se aproximou de Jesus. Este lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Rabúni, que eu veja”. Jesus lhe disse: “Vai, tua fé te salvou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.

Conclusão

Lições que a catequese de Marcos ensina aos discípulos e discípulas de Jesus de Nazaré hoje:

Só pode ser discípulo ou discípula de Jesus quem responde corretamente à pergunta: “Quem é Jesus de Nazaré para mim?” Nem toda resposta corresponde ao Jesus dos Evangelhos. Deve-se perguntar como a cruz, a paixão de Jesus, entram nessa história. A tendência é transformar Jesus no filho da Rainha, transformá-lo num Rei, e isso é negação da fé do discipulado cristão. A cruz de Jesus não era trono, era cruz mesmo.

A resposta correta depende da vivência da fé e do discipulado. De nada adianta palavreado bonito e piedoso (ortodoxia) se o crente caminha na contramão de Jesus (ortopráxis).

Uma tentação recorrente consiste em excluir a paixão e a cruz e falar apenas do Ressuscitado glorioso. O Ressuscitado é o Crucificado. Mc 16,6: “Procurais a Jesus de Nazaré, o Crucificado. Ressuscitou, não está aqui!” A desconexão tem como resultado um cristianismo “oba-oba”, igrejas transformadas em casas de shows, showmissas/cultos, padres/pastores pop stars, fé sem caridade e sem compromisso social.

A catequese evangélica termina com o Ressuscitado enviando os discípulos em missão: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Embora tenha havido uma missão dos Doze (Mc 6,7-13), a missão do final do Evangelho é um caminho sem volta. Aqui se supõe o discipulado que passou pela paixão e morte de cruz. Só pode ser missionário do Evangelho quem seguiu o Mestre até o fim. Sem esse pré-requisito, a missão fica comprometida. Padre Júlio Lancellotti, em São Paulo, é belo exemplo de quem, a exemplo de Jesus, vai aos últimos, a todas as criaturas, até aos da Cracolândia.

O discipulado se faz “com os olhos abertos”, com discernimento, de modo a evitar que as tribulações ou as perseguições “por causa da Palavra”, mas também “os cuidados do mundo, a sedução da riqueza e as ambições de outras coisas” (Mc 4,17-19) matem a obra de Deus no coração dos discípulos e discípulas. Um discipulado diferente do que fazem alguns padres midiáticos famosos, que de servidores transformaram-se em pop stars.

Discípulo e discípula do Reino são os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática. Cada um de nós, que temos o desejo de ser discípulos e discípulas de Jesus, é convidado a deixar a Palavra de Deus cair no coração e produzir muitos frutos de misericórdia e de cuidado com os irmãos e irmãs e com a casa comum.

Jadelmir Vitório* e João Paulo Goes Sillio**

*é doutor em Teologia pela PUC-Rio e professor de Teologia Bíblica na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), em Belo Horizonte-MG.
**licenciado em Filosofia pela Fajopa-Marília-SP. Bacharelado civil e eclesiástico pela Faje-BH, com concentração de pesquisa em teologia bíblica do Novo Testamento. Pároco da Sagrada Família, arquidiocese de Botucatu-SP.